Cinco grandes artistas me chamaram a atenção no último ano pela capacidade de se renovar aos 80 anos. Mais que isso, de mostrar como que, no esplendor dessa idade, maduros e tranquilos, parecem fazer coisas extraordinárias com, digamos, as mãos nas costas. Tal a forma com que fazem o que fazem parecer tão fácil
1. A atriz Fernanda Montenegro fez aos 83 uma velhinha que quer viver sozinha para desespero dos filhos em Doce de Mãe, que lhe deu o Emmy internacional de melhor atriz e o prêmio Mário Lago pelo conjunto da obra, no Domingão do Faustão.
2. O apresentador Silvio Santos resolveu a sucessão de seu império, tanto no comando das empresas, entregue à mais nova, quanto no de seus programas na TV, dividindo o palco e transferindo seu prestígio para a mais velha, Patrícia. E fez sucesso como sempre, se divertindo como criança no palco.
3. O pintor colombiano Fernando Botero produziu, entre maio e setembro, aos 81, uma série de quadros inspirados no Kama Sutra, com as figuras roliças que fizeram sua fama.
4. Também aos 81, o estilista dominicano Oscar de La Renta provocou o impacto de sempre em NY com seu desfile de vestidos de noivas naquele jeito docemente exagerado da Espanha em que cresceu e apareceu.
5. E, chegando lá, aos 78, Woody Allen fez outros dois filmes e arrebatou de novo com a história da milionária que perde tudo e tem que viver de favor da irmã pobre, na periferia de San Francisco. Blue Jasmine é uma Blanche Debois da era das falcatruas bancárias, com o mesmo jeito desesperado da eterna personagem de Um Bonde Chamado Desejo e o desempenho de uma locomotiva – Cate Blanchet, a atriz que ele fez e deixou brilhar num jeito trôpego arrebatador.
Deve ser ótimo chegar – e estar – assim aos 80. Para eles e para a distinta plateia que os ama.
Carlos diz
Gostei.