Uma imagem, apenas uma imagem do papa Francisco publicada pelo jornal Estado de Minas que reproduzi em minha conta do Facebook, neste domingo pela manhã, teve 136 compartilhamentos até o final da noite.
É um pequeno, breve sinal, da força impressionante de um símbolo que arrastou quase o equivalente a um revéillon de Copacabana em cada um dos dias que andou de carro aberto pelo Rio de Janeiro.
Impressionante que a maioria das pessoas ali divirja de muitas de suas posições e as da instituição que ele comanda, segundo pesquisa do Datafolha feita nas próprias areias da praia famosa.
Os católicos em sua maioria discordam de dogmas sagrados da Igreja e acham que o papa não deveria ser contra alguns essenciais, como uso de camisinha e pílula anticoncepcional. O que entretanto não os impede de amá-lo como a Deus sobre todas as coisas.
Esse é, para mim, o maior dos mistérios da fé. De como ela se alimenta de uma imagem que está acima das convicções, das divergências, das dúvidas. Que é forte, simplesmente, e vai ao encontro de necessidades humanas nunca explicadas.
Fé, como a boa explicação da Wikipedia, “é a firme opinião de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta idéia ou fonte de transmissão”. Não comporta – e nem é o caso de discutir – dúvidas.
A imagem, no caso, basta-se a si mesma.
Para ter credibilidade, porém, deve nutrir-se de uma coerência que, no caso da igreja, é secular e, ao que parece, sempre satisfez a algum desejo humano, também secular.
No caso de Francisco, em especial, a imagem parece recuperar algum sentido que se havia perdido através dos séculos, essencial. Ao emanar para a multidão à sua volta uma paz interior que parece possível apenas na prática do desapego, ele parece ter levado seu rebanho a se reencontrar com suas crenças mais fundas, sua necessidade mais premente, sua verdade mais universal.
Como se essa imagem, ampliada na aura composta pelo fotógrafo da agência France Press, Luca Zannaro, viesse dizer para todos, sem distinção, que esse é o caminho da salvação.
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