O presidente Michel Temer foi apenas desesperado no primeiro pronunciamento feito no susto, na tarde de quinta-feira, depois que teve acesso ao conteúdo da gravação de sua conversa com seu interlocutor criminoso da madrugada, Joesley Batista, no Palácio do Jaburu.
Restringia-se a acusar uma armação de um sujeito falastrão que teria faturado com sua delação, num discurso cheio de rimas ruins, e a bater pé que não renunciaria.
No sábado, estava mais senhor do discurso montado na versão de alguma simpatia na opinião pública, contra o papelão do delator na Bolsa de Valores, a escorregada da Procuradoria Geral de Rodrigo Janot de praticamente premiar o delator com estada 5 estrelas em Nova York e o presente da Folha de S. Paulo de que a gravação tinha mais de 50 edições.
Já nesta segunda-feira, mais do que dono da versão, parecia senhor da situação. Pautou o STF ao retirar um recurso que obrigaria a Corte a se reunir para decidir seu futuro, pautou a Procuradoria e o relator Edson Fachin com a responsabilidade de periciar a gravação e fez a base no Congresso voltar a tocar a pauta legislativa.
Sua situação não mudou nada do ponto de vista jurídico, porque sobram evidências de que cometeu crime de responsabilidade, mas deu a virada que importa para manter as coisas como estão para ver como é fica.
Sempre funciona quando a base política está sob controle e se consegue equilibrar a balança das versões numa opinião política que não parece disposta a mexer num time que está sinalizando bons resultados. Nas vésperas do impeachment de Dilma, não havia nenhuma das três coisas.
Há uma clara opinião publicada exigindo sua justa saída diante da lambança que cometeu fora de hora, mas não um “Fora Temer” convincente para além da militância oposicionista assanhada com a hipótese de retomar a luta política nas ruas numa campanha por Diretas que inclua Lula na equação.
Entre a quinta e ontem, o político com jeito de mordomo que há três décadas operava nas sombras veio para a claridade, elevou o tom de voz e usou com competência a cartilha clássica das raposas políticas: explorou com maestria os erros do adversário para encobrir os seus.
Porque, se erro em política pode ser fatal, o erro do adversário pode ser a cura.
A esperar novos desdobramentos. A ver se novas provas mais robustas, como a mala de dinheiro que desapareceu, possam desequilibrar essa balança para testar de novo sua capacidade de dar a volta por cima.
Ah: a se ver também se Roberto Freire, o ministro da Ciência & Tecnologia que já pulou de outros barcos em outras horas difíceis, tenha pulado deste antes da hora.
Políticos e empresários
Fossem políticos e não empresários, os irmãos Batista da JBS não teriam vendido ações e comprado dólares na véspera de suas delações, apostando na queda de um lado e na subida do outro.
É o principal argumento contra eles.
Não deve ficar barato. A Bolsa abriu processo de informação privilegiada, que dá cadeia, e os deputados vão instalar uma CPI.
Outra versão
Longo artigo de Aécio Neves, em sua defesa, na Folha de S. Paulo. Emocionante até na parte em que lamenta o mal que provocou à irmã, ao primo e ao jovem assessor parlamentar presos, mas…
O que dá para acreditar:
– Os R$ 60 milhões recebidos em 2014 foram doação oficial ao Diretório Nacional do PSDB, não propina.
O que é difícil acreditar:
– Que pediu à irmã Andrea para vender o apartamento da avó para o empresário, que ofereceu um empréstimo em contato de mútuo que acabou não sendo feito. Se não tinha contrato, que demonstraria a má intenção do empresário, por que aceitou o empréstimo? E que conversa era aquela que o empresário estava lhe quebrando um galho do c*?
O que não explicou:
– Por que o dinheiro foi parar na empresa de Zezé Perrela?
Roberto diz
Eu só sei que estão todos afundando eu acho é ótimo. Do Pt ao Psdb, do Lula ao Aécio. O Gilmar está
caladinho. Agora deputado denunciado entrega mala com 500000 a PF. Apesar do Temer cortar recursos da
PF numa tentativa clara de obstrução as investigações, ela está botando pra quebrar. Este também não
demora a cair.
JLT diz
“mais senhor do discurso ‘montado’?” montado? discurso ‘montado’ é seguro e fiel ou argumentação de ou em algo para torna-lo verdadeiro?
Ramiro, o Temer já está mais que ‘zangado’ politicamente mas vc é ‘pestista’ ? tomou um ‘golo’ da pinga do lula?