Isabela Boscov, de longe a melhor crítica de cinema do país, com passagens pelo Jornal da Tarde, Folha de São Paulo e Veja, chama atenção para uma virtude rara no diretor do novo Star Wars — O Despertar da Força — que é grande lição para a arte de escrever roteiro.
Sob o comando do grande J.J. Abrams, que criou e dirigiu o aclamado Lost, o não menos grandioso roteirista Lawrence Kasdan não caiu na tentação de oferecer mais do que o fã precisa em continuações. No caso, não cair nos excessos dos três filmes de 2009 a 2005 — A Ameaça Fantasma, Ataque dos Clones e A Revolta dos Sith – que desfiguraram a trilogia original de 1977 a 1983.
Ela diz bem que George Lucas, o criador da saga mas diretor de recursos limitados, agiu nesses três filmes feéricos que explicam a origem do seu universo (prequel) como um pai orgulhoso que vê e exagera no filho qualidades que ele não tem. E que o diretor J.J. Abrams, nas mãos de Kasdan (acho), teve a humildade e a coragem de eliminar os excessos e se ater aos fundamentos que originaram o mito.
Ou seja: não ir além do conto de fadas simples, de bem e mal bem definidos, no planeta de seres exóticos em que cada um é empurrado pelas circunstâncias para um dos lados e onde o herói sai de sua zona de conforto para sua jornada de amadurecimento. No caso, a heroína Rey, a extroaordinária inglesinha de 23 anos Daisy Ridley.
Acrescente-se, claro, o que Kasdan ampliou e sedimentou no segundo e melhor filme da saga, o de 1981 (O Império Contra Ataca): romance, humor e ótimos diálogos em personagens inesquecíveis, como o simpático desertor do Império que se alia à rebelde (Finn) e o sensacional androidezinho em formato de bola de futebol com capacete (BB-8).
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