A situação do governo se agravou com a divulgação do parecer do relator do TCU, Augusto Nardes, demonstrando que são mais graves do que o governo quer fazer crer as tais “pedaladas fiscais” que embasam o mais consistente dos pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o dos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal.
A saber:
- A presidente pegava dinheiro emprestado dos bancos públicos, que têm acionistas, e não pagava.
- A presidente não contabilizava os empréstimos. Durante a campanha, ela disse na frente de Aécio que a oposição iria acabar com o Bolsa Família, mas já pagava o benefício com dinheiro emprestado dos bancos.
- Ela fez crédito suplementar, transferência de verbas entre órgãos no Orçamento, sem passar pelo Congresso. Tipo: eu coloco o dinheiro onde eu quero e o Congresso não tem nada a ver com isso.
Para piorar, é possível que o governo tenha perdido o que tinha de apoio no TCU ao arguir a suspeição do relator.
Na sua impressionante vocação para enfrentar e dar tiro no pé, o governo mal se dá conta de faz tanto sentido arguir a competência de Augusto Nardes quanto a do ex-advogado do PT Dias Toffoli para julgar no STF os petistas envolvidos na Lava Jato. Ou a da ex-advogada de campanha de Dilma, Luciana Lossio, para julgar as contas de campanha da presidente no TSE.
Mais grave, porém, é o sinal de que parecem desandar as negociações do PT para salvar Eduardo Cunha no Conselho de Ética, em troca do arquivamento do pedido de impeachment.
O presidente da Câmara parece convencido de que precisa administrar o tempo com o recurso de que dispõe para proteger o pescoço.
Quanto mais tempo tiver, mais tempo segura a cabeça sobre ele. No dia seguinte a qualquer que for sua decisão, enforcam-no.
Contemplo o estrago que ele faz no casco do navio de Dilma Rousseff e penso no poder de erros políticos primários.
Ela nunca mais pôde dormir desde que sua dupla de conselheiros, Pepe Vargas e Aloízio Mercadante, a convenceram a fazer o que nem um estagiário de política ousaria: enfrentar Cunha na eleição para a presidência da Câmara.
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