Como eu já escrevi em mais de uma ocasião, o equilíbrio democrático não deriva das boas intenções, mas das subterrâneas, do instinto de sobrevivência em confronto. Lobo com medo do lobo.
Delcídio do Amaral não foi preso por seus crimes, mas por afrontar a autoridade dos juízes. Os senadores mantiveram a prisão, não por seus crimes, mas para evitar o confronto com a Corte de que podem depender um dia ou do voto da opinião pública que poderia ser outro se a sessão fosse secreta.
Mas é (tem que ser) assim mesmo.
Por linhas tortas, como sempre, acabaram por fazer o que precisava ser feito.
Os inventores desse sistema precário previram que ele se manteria pelo confronto da ganância ou do medo, não por razões nobres. Daí a velha grande máxima: é o pior regime que existe, mas não existe melhor.
No fundo, fundo, tem lá uma pitada de Santo Agostinho que pesa, sim, quando a cabeça bate no travesseiro: “há um mínimo de dignidade que o homem não pode negociar”. Mas nunca foi o determinante.
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