Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein do The Washington Post vão apurar o que parecia um crime comum, de invasão da sede do Partido Democrata no edifício Watergate, e acabam chegando a outro dos maiores escândalos do século XX.
A apuração incansável da dupla vai acumulando camadas de evidências e tensão de que a invasão, por homens do FBI e da CIA presos com materiais para grampos, como veio a se saber, tinha envolvimento do presidente Richard Nixon.
Até desaguar na sua renúncia, em 1974, a primeira de um presidente americano, por obra e graça do trabalho dos dois e da mão firme do diretor de Redação Ben Bradlee.
Principal referência de filme sobre jornalismo, no topo de todas listas sobre o tema, ao lado de Cidadão Kane, cunhou expressões para identificar uma fonte importante (Garganta Profunda) e o modelo de investigação policial bem sucedida (Follow The Money / Siga o dinheiro).
Nenhum outro filme, antes ou depois dele, tratou com tanta propriedade da profissão, num tempo em que ela era radicalmente ética. É uma aula sobre rigor na apuração, checagem e responsabilidade pública, a cada passo das idas e vindas da apuração.
Foi a primeira vez no cinema que o jornalista deixou de ser tratado como galã, imerso apenas na sua responsabilidade histórica, sem tramas paralelas. Robert Redford e Dustin Hoffman, nos papéis dos repórteres, tiraram o jeito de quem nasceu jornalista do longo laboratório dentro da redação do WP.
Contribuiu a mão do craque Alan J. Pakula (de O Dossiê Pelicano, A Escolha de Sofia e Acima de Qualquer Suspeita), que transformou em suspense de primeira o que tinha tudo para ser um filme burocrático, de muitas reuniões, entrevistas, pesquisas em bibliotecas e muitos, muitos telefonemas.
Em apenas um deles, Redford (Bob Woodward) fica seis minutos, em tensão crescente, sozinho em primeiro plano, como nota muito bem o vídeo abaixo, do Canal Entre Planos.
Muito realista na caracterização dos jornalistas e do cenário em que se movem — a redação do Post foi reproduzida em estúdio nas mesmas dimensões da real —, ganhou o Oscar de Direção de Arte, além de som e melhor roteiro adaptado para William Goldman, com base no livro da dupla.
Redford e Hoffman não receberam indicações pelos papéis eficientes mas corretos, assim como, injustamente, Pakula. Foi o ano do obscuro John G. Avildsen, por Rocky, que projetou Sylvester Stallone. Jason Robards levou o de ator coadjuvante pelo sereno e firme diretor de Redação Ben Bradlee.
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