Woody Allen é voyeur e niilista. Daí que seu olhar gosta de ir atrás de personagens que trombam sempre com alguém que vai tirá-los da situação de conforto e levá-los a uma mudança de vida que, no fim, revela-se frustrante e desnecessária.
Também é um grande diretor de atores e gosta de mágica. Daí que mistura interpretações absurdamente coloquiais com o mais simplório nonsense, numa mistura de naturalismo com absurdo que só reforça sua velha obsessão por um sentido para a vida.
Essa grande e todas as outras suas pequenas obsessões estão nesse Para Roma com Amor, roteiro sobre quatro casais que se descaminham em situações bizarras para se reencontrarem ao final e confirmar que, sim, a vida é só isso mesmo. Também tem o intelectualzinho chato e o sujeito atormentado pela fama, duas de suas críticas sempre recorrentes ao intelectualismo e à indústria do sucesso. E com os diálogos afiados de sempre, com licença até para serem autobiográficos:
– Não tente me entender. Todos que já tentaram, fracassaram.
A crítica começa a achar que o filme é raso diante dos outros grandes filmes que ele fez na Europa – pela ordem de grandeza: Match Point , na Inglaterra; Vicky Cristina Barcelona , na Espanha; Meia Noite em Paris , na França. Mas o velho diretor agora parece fazer filmes como quem vai à padaria ou cozinha um espaguete fácil.
Leve, aparentemente despretensioso e com o gosto daquela cachaça boa que se parece igual, mas deixa sempre um travo amargo na boca.
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