Boa Noite e Boa Sorte era o bordão com que o mais influente âncora da televisão americana dos anos 50, Edward R. Murrow, fechava seu jornalístico diário See It Now, na CBS.
Ganhou projeção ao enfrentar o poderoso senador Jack McCarthy, que deu nome a outro dos grandes escândalos americanos do século XX, o machartismo, como ficou conhecida a onda de perseguição membros da indústria cultural, sob a acusação de comunismo.
O caça às bruxas que fez um estrago em Hollywood, cassando o direito ao trabalho de toda a hierarquia do cinema, de diretores a atores, gerou grandes obras dramáticas como As Bruxas de Salém, de Arthur Miller, de 1953.
Como nos anos de chumbo no Brasil, década de 70, em que os artistas usavam alegorias para denunciar a opressão política, Miller foi buscar inspiração no caso de real de mais de 200 pessoas acusadas de bruxaria na Massachussets colonial, entre 1692 e 1693.
O âncora Murrow e sua equipe de produtores vai tentar desmontar as mentiras e exageros do senador, sob riscos e discussões sobre liberdade de expressão semelhantes às que viveu o Washington Post no caso dos papéis do Pentágono, 20 anos depois, retratado em The Post.
O certinho e politicamente correto George Clooney atua como um dos produtores de Murrow e também dirigiu esse filme de 2005 com mão firme (seu segundo) e integridade, arriscando um preto e branco pouco comercial para dar ares de documento histórico.
(Sua primeira experiência em direção, anterior a essa, foi com Confissões de uma Mente Perigosa, de 2002.)
Foi indicado sem vitória para seis categorias, ao Oscar e ao Globo de Ouro, inclusive de melhor roteiro para o próprio Clooney, em parceria com Grant Heslov. Muito elogiado o desempenho contido do ator David Strathrairn como o âncora Murrow.
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