Se eu fosse Haddad, Pimentel e Dilma, não ficaria escorado em Lula e sua rejeição. Bolsonaro também, como explico a seguir.
Ele já deu os 25% de votos fieis que os três precisavam para chegar ao segundo turno ou, no caso dela, disputar com chances uma das duas vagas ao Senado por Minas.
A partir daí, seu nome vira problema.
Para os 25% de fiéis que o vêem como símbolo de um tempo de bonança, há outros 75% que o relacionam a corrupção ou escárnio com as instituições. Para cada 1 que o defende a unhas e dentes, há 3 que o desprezam.
Fernando Haddad subiu até próximo ao teto na medida em que esse eleitorado fiel procurava seu substituto. Mas parou por aí e passou a herdar também sua rejeição.
Disparou para quase 40% na pesquisa Ibope de ontem. Na Paraná, que tem outros métodos de avaliação, em que a pergunta sobre rejeição é descasada da opinião sobre segundo turno, sua rejeição chega em 56%. Nesse critério, Bolsonaro tem 52%.
A partir desse teto, desse limite máximo que Lula pode dar, o desempenho à frente depende exclusivamente dele. Quando se pede ao eleitor uma opção de segundo turno, é um confronto de pessoas que se dá. Já não se fala em Lula/PT e Bolsonaro, mas em Haddad e Bolsonaro.
Tanto que, nesse cenário, já não vai tão mal. O eleitorado que não dá mais do que 25% a Lula, lhe oferece uns 40% de simpatia. Esses 15% acima são seus.
Pimentel e Dilma sofrem os mesmos reflexos, com mais dificuldades futuras do que Haddad. Porque carregam o recall de dois governos péssimos ou assim vistos. Muita gente profetizou, inclusive eu, de que teriam dificuldade de passar desse teto, e continuarão tendo se não se convencerem como eles mesmos, e menos Lula, a partir de agora. Um pouco tarde, aliás.
Vale o mesmo para Bolsonaro, dono os outros 25% antipetismo, sob outro aspecto.
A campanha do capitão não pode se restringir a ser oposição a Lula e a seu discurso anti comunismo, da mesma forma que precisa passar das frases de efeito, um tanto rasas, com que arrastou as redes sociais.
No segundo turno, vai ter que mostrar que sabe mais do que elas e conhece mais a fundo as propostas que pôs no papel.
Para Haddad — em maior grau — e Bolsonaro, é bom darem um tempo em Lula. É passado.
Paraná antecipou pesquisa do Ibope
Olha só. A pesquisa do Paraná Pesquisas, encomendada por O Antagonista e divulgada na quarta passada, antecipava os resultados de ontem, em que o Ibope detecta aumento 4% nas intenções de Bolsonaro. Números muito próximos: 31 a 21. Ciro e Alckmin parados em 11 e 8.
Ou a Paraná antecipou e ele nada perdeu desde então, apesar das manifestações e a pancadaria da capa de Veja sobre seu patrimônio. Ou o salto de hoje no Ibope anda está por vir na Paraná.
Novidade também na Ibope de ontem é a rejeição de Haddad chegar quase a empate técnico com Bolsonaro: 39 e 44. Na Paraná, cujos critérios responde a questão da rejeição da opinião sobre segundo turno, a de Haddad chega a 56%. A de Bolsonaro, 52%.
Dirceu é contraponto a filhos e vice de Bolsonaro
Para um filho ou vice de Bolsonaro de língua solta por aí, tem um José Dirceu lançando livro pelo país e lembrando o risco Haddad.
Já disse que vão tomar o poder mais cedo ou mais tarde, independente de eleições, que é preciso retirar o poder investigativo do Ministério Público e que só existem dois poderes: o Executivo e o Legislativo. O Judiciário seria um órgão meramente consultivo. O terceiro que admite é a soberania popular que dá nos plebiscitos venezuelanos.
Assim como Bolsonaro precisa segurar sua turma, Haddad precisa rapidamente calar Dirceu se não quiser aumentar sua rejeição.
Fux também deu uma jabuticaba
Data venia, a decisão de Luiz Fux que cassou a decisão de Lewandovski para proibir a entrevista de Lula pela Folha de S. Paulo, e acabou prevalecendo por decisão do presidente Toffoli, é uma jabuticaba.
Ele justifica que a regulação da livre de circulação de ideias em época de eleição é legítima:
— A desinformação do eleitor compromete a capacidade de um sistema democrático para escolher mandatários políticos de qualidade.
Data venia de novo, além de chamar o eleitor de idiota que precisa ser tutelado, a decisão faz pouco da Constituição que não permite censura prévia e nem regulação de livre expressão de ideias em época alguma.
Agora… o princípio da isonomia dos candidatos no período eleitoral deve — ou deveria — assegurar que o candidato, ainda mais preso, não possa escolher o veículo pelo qual deseja ser entrevistado. Não foi à toa que admitiu somente a Folha e nem idem a entrevistadora, a jornalista Monica Bergamo, de conhecida boa vontade com o ex-presidente.
Aí, é manipulação. O mais certo seria que ele não pudesse, por exemplo, recusar um pedido de um veículo contrário a sua ideias, como o Estadão ou O Antagonista.
Deixe um comentário