A cobertura jornalística da palestra do futuro ministro Paulo Guedes na Firjan optou pelo forte impacto de sua promessa de corte do financiamento das federações patronais.
As manchetes enfatizaram o corte prometido de 30% e até 50% nas verbas de seus sistemas de educação, o Sistema 5S, “se não houver negociação”. E acabaram ofuscando o principal da defesa pública mais consistente que fez aqui de sua reforma da Previdência.
Conforme o bom relato do site da Veja, ele quer “consertar” o sistema de repartição, um avião quebrado”, para colocar voar em médio prazo o de capitalização individual, nos moldes do chileno:
Matéria da Veja aqui>>>
Tem esse avião antigo que é essa Previdência que já quebrou financeiramente a população antes dela envelhecer. Então, defendi abertamente que o primeiro passo seria tentar botar esse avião para voar de novo por pelo menos três ou quatro mandatos antes de descer outra vez, porque ela [a Previdência] está… condenada.
Qualquer sistema de repartição tem uma bomba demográfica, e essa ainda tem defeitos maiores. Para criar um emprego tem que destruir os outros. Tem 40 milhões de empregos com carteira e 46 milhões sem carteira. Que diabo de sistema que destrói um emprego para segurar a velhice do trabalhador… não é legal.
Temos que transitar para um sistema de capitalização. Demoramos tanto tempo que não dá mais para ser disponível para todo mundo. Temos que proteger agora a geração futura. Vamos, então, tentar acertar esse sistema que está aí e depois a gente aprofunda e vai para a libertação das gerações futuras para um sistema de capitalização que democratize o ato de poupança, liberte as empresas dos encargos trabalhistas na direção de um choque de criação de empregos.
Reforma com os políticos
Outro ponto da palestra que eu talvez pusesse no lead (topo) da cobertura é a inflexão do futuro ministro com a classe política.
Depois de começar a transição tropeçando na relação com o Congresso, à custa de sua ingenuidade do jogo político, mostrou uma inflexão promissora de que a classe política certamente deve ter gostado.
No relato da Agência Brasil, o futuro ministro defendeu a reabilitação da classe política, “para que os eleitos assumam o protagonismo das ações”.
Chegar e ‘olha, vamos desvincular, descarimbar esse dinheiro’. Esses objetivos decididos há 30 anos já foram atingidos? Se não foram atingidos, pelo menos decidam. Vocês querem mais na defesa, na segurança pública, mais na saúde? Na educação? Subsídios para desigualdade regional? Venham aqui e assumam a responsabilidade e o protagonismo”.
Ver matéria da Agência Brasil aqui>>>
Defendeu mesmo certo compartilhamento de responsabilidades com os parlamentares na alocação dos recursos públicos:
O político tem uma vida “desagradável” com muitos privilégios e nenhuma atribuição. Está parecido com a nobreza francesa, mas a guilhotina aqui é midiática, cada hora cai em um pescoço. Uma classe que só tem privilégios e não tem atribuições está enfraquecida. Eles já sabem que não tem mais o toma lá dá cá e vão ter que se reinventar.
Chegou até a repetir o que merecia a melhor manchete, se fosse novidade, porque já o disse antes. O de que deixa o governo se as dificuldades políticas forem muito grandes.
Quem bater no ministro da Economia leva mais? Não vai, porque eu jogo as chaves fora antes.
Ver também matéria da rádio Joven Pan, no youtube:
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