Quis o destino que a quarta-feira da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer fosse também o da derrota de três entidades que perderam o traquejo com a bola e saíram com a imagem chamuscada na opinião que realmente importa, a da arquibancada que paga a conta.
- Vocacionado a caminhar sobre o muro mesmo em momentos de alta tensão, o partido dos tucanos emplumados entrou para a votação decisiva para seu futuro rachado, numa posição em que só perde. A metade (21) que votou contra rompeu de forma vergonhosa com um governo onde mantém cargos. A metade que votou a favor mostrou que seu presidente Tasso Jereissati não tem força para colocar ordem na casa. O líder Ricardo Trípoli acrescentou o constrangimento de ter fechado questão contra o presidente em torno de uma questão que não dominava de um partido e uma situação fisiológica que parecia desconhecer
- O procurador-geral Rodrigo Janot apostou alto quando aceitou de forma açodada a delação mais que premiada do dono da JBS, Joesley Batista, para abater um presidente de raro domínio sobre o Congresso e circunstancialmente tolerado por um conjunto de conveniências que prefere mantê-lo numa transição a enfrentar maiores solavancos. O chefe do quarto poder não tem mesmo que se preocupar com a opinião pública ou publicada, mas deveria ter embasado mais sua denúncia para peitar um adversário tão respeitável. Desmoralizou a si mesmo, seu cargo e a operação sob seu comando que vinha fazendo história.
- Um dos maiores craques do futebol brasileiro chutou para escanteio parte do prestígio conquistado na defesa apaixonada do que propalava ser seu time de coração, espécie de segundo time sentimental de boa parte do mundo. Li em alguns especialistas que ele se encantou com a grana envolvida na negociação — mobilizada pelo agente e pai tido como ganancioso — e a possibilidade de sair da sombra de Messi para tentar luz própria onde tem concorrentes de menos peso. Um tipo de Rodrigo Maia comprado menos por dinheiro do que pela tentação de não trair Temer, mas ao mesmo tempo interessado em buscar um caminho solo. Dinheiro e vaidade, enfim, dois condimentos difíceis de digerir por uma torcida traída.
São três casos de avaliação precária do humor da torcida.
Um partido que acha que sua debilidade não pega mal na arquibancada. Um procurador que faz pouco da qualidade do jogo para convencer a maioria. E um craque convencido de que o amor cultivado suporta qualquer tranco.
Pode não ter nada a ver com nada e talvez não tenha mesmo.
Mas como não enfiar Neymar nessa jogada no dia em que sua transferência do Barcelona para o Paris Sant-Germain por quase 200 milhões de euros, por ruptura de contrato, assanhou mais os brasileiros que a votação da denúncia contra o presidente da República no Congresso?
Bola pra frente.
Comunicação e poder
Passa tempo, passa dia, passam anos e os jornais não entendem, ou fingem não entender, que deputado que não declara voto antes é governista e teme apanhar da opinião pública.
Aí vem a Folha de S. Paulo e diz que só 105 tinham declarado a favor de Temer, embora existissem 209 “indecisos”. Eles, os indecisos esperando a hora de votar pelo governo. Um número que acabaria crescendo com o efeito manada.
Nessas enquetes furadíssimas e mal interpretadas de jornal, só os votos declarados contra, da oposição, são reais. E eram 195, pela manhã. Um número que acabaria crescendo para 223 com o efeito da transmissão ao vivo pela TV.
marian diz
Excelente texto…
Joubert diz
Sempre tem um débil a enxergar petistas escondidos atrás de biombos. Até o Janot que outrora foi ídolo, bastou apresentar denúncia contra os corruptos de estimação dos paneleiros da indignação seletiva, virou petista. Só rindo!
Marcos Pimenta diz
Seu blog está muito desconfortável de ler. Essa tarja verde escuro fixa ocupa o espaço, obrigando à movimentação constante da imagem; a mesma coisa se diga com relação ao convite à partilha, que avança sobre o texto.
Maria Saleth Santana diz
Será sempre assim, o ladrão não fez nada, é perseguição da justiça. Tadinho do temer(letra minúscula mesmo) ele é um santo perseguido pelo malvado Janot, que só quer ser justo.
Maria Saleth Santana diz
Somos assim, os brasileiros, escolhemos ser sempre massa de manobra, esquecendo que lá na frente o resultado é e sempre será contra nós mesmos. Tiraram do poder um presidente contra o qual não se consegue provar coisa alguma usando o povo(a massa de manobra) e deixar outro que para se manter lá comprou todos os votos( isso parece com pedalada, ou corrupção pura e simples????) veja por exemplo, a reforma da previdência( de baixo para cima, sem atingir a parte de cima, é claro, as reformas trabalhistas, fazendo os trabalhadores de escravos eternos de patrões gananciosos e corruptores. Somos mesmo como diz a pesquisa, Idiotas completos.
claudia antunes diz
Nada tem a ver o trabalho sério e preciso do Dr. Janot , com um plenário medíocre, repleto de canalhas que para se defenderem das acusações que pesam sobre eles, preferiram se vender como prostitutas que são (que me desculpem as mulheres que ganham a vida com esse trabalho em tal comparação), aos caprichosos de um asqueroso ser que o país repudia por seus atos promiscuos. Ah, para lembrar a quem se refere a Janot como petista, com certeza um mal informado, mas quem fez a denúncia de Dilma e Lula e nessa época ninguém o considerava um petista, mas um procurador de caráter não é mesmo.
Jose Geraldo diz
Das três histórias, a melhor delas é a do Petista Rodrigo Janot, deu com os burros n’água. Melhor assim, seguimos destruindo esse bando de comunistas de araque, não passam de bandidos, cada um pior que o outro.