A Petrobras está no pior dos mundos:
- perdeu dois terços de seu valor – uma Vale e uma Friboi juntas – desde 2010, quando valia R$ 370 bilhões,
- deve mais do que os R$ 120 bilhões que vale (R$ 140 bilhões) e
- não tem como justificar aumento de preços se o barril de petróleo internacional caiu de 140 para 70 dólares nos últimos anos.
Para piorar, a bilionária ação de acionistas na Justiça americana só não a transformará em pó porque é majoritariamente pública e acabará sendo salva pelo Tesouro.
Fosse uma empresa de Eike Batista, acabaria.
Resgatá-la, a essa altura, requer um sinal contundente de mudança que sinalize, agora para o mundo, uma faxina ética geral.
Quer queira ou não, mais cedo ou mais tarde, se bobear esta semana, a presidente Dilma Rousseff vai ter que decidir o que fará com o cadáver insepulto da presidente da Petrobras, Graças Foster, e toda a diretoria que ela comanda.
Ao que tudo indica, porém, apesar de todas as pressões ao redor, ala não demite a amiga do peito. Entre outras coisas, porque:
1. Não aceita pressão, nem da imprensa, nem dos aliados e muito menos da Oposição.
2. Não tendo Graça se envolvido diretamente nas falcatruas, não deve achar justo defenestrá-la.
3. Como a diretoria que ela lidera está mandando bala em comissões internas de sindicância, acha que é suficiente para acalmar os lobos.
4. Amiga de absoluta confiança, Graça funcionaria como seu biombo de proteção dentro da empresa, sentando em cima de esqueletos que ela pode ter deixado como ministra das Minas e Energia e presidente do conselho de administração da empresa.
5. Deve acreditar em reviravoltas de causas quase perdidas, como sua própria eleição a presidente da República.
Só que, a certa altura, como ensina qualquer estagiário de estratégia política, desde Maquiavel, é preciso entregar os anéis para não entregar os dedos.
Há que salvar as aparências, emitir algum sinal contundente de mudança e manter a casa funcionando. Tirá-la do alvo e ganhar fôlego para, com humildade, ir sinalizando os novos propósitos.
Fazer isso com uma diretoria bichada é muito difícil.
A certa altura, Dilma Rousseff terá que se lembrar de seu padrinho e da sua Graça Foster que ele teve que entregar em meio à tempestade do Mensalão.
– Sai já daí, Dirceu! – ainda é possível ouvir os ecos da fala de Roberto Jefferson quando a situação do chefe da Casa Civil ficou insustentável. Ou era ele ou era o governo.
Lula temia que poderia ser o próximo dedo se entregasse o anel. Mas chegou àquele ponto sem volta em que o risco de manter era maior do que o de arriscar.
– Sai já daí, Graça Foster! – a história parece sugerir.
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