Quem provocou mais estragos na campanha de Dilma Rousseff às eleições 2014, quase a ponto de inviabilizar sua reeleição?
1. Marina Silva, a militante apaixonada do PT, que peitou no Ministério do Meio Ambiente por conta dos projetos da pasta de Minas e Energia.
2. Eduardo Campos, o governador de Pernambuco morto em acidente que abriu caminho para Marina, rompido com Lula por uma intervenção desastrada nas eleições de prefeito de Recife, em 2012.
3. O PT, que sempre teve reservas à ex-pedetista Dilma, e seu modo ortodoxo de conseguir fundos de campanha, atacar as instituições e a imprensa.
4. A Polícia Federal, fortalecida pelos governos petistas mas que vinha sendo esvaziada e magoada desde o mensalão, arranjando um jeito de vazar depoimentos sobre os desvios na Petrobras.
5. Guido Mantega, o ministro da Fazenda vacilante que afrouxou o controle e fez opções de política econômica que estão paralisando o país.
O que eles têm em comum?
São ou foram amigos. Satisfeitos, apressados ou contrariados.
Como se sabe, desde Maquiavel, há uma vasta literatura política sobre o perigo dos amigos e de como podem se tornar piores que os inimigos.
São eles que provocam estragos no governante, ao serem mantidos por incompetência ou abandonados por inapetência ou transformados no inimigo feroz por ingratidão.
Quem foi o pior inimigo do candidato de oposição Aécio Neves, depois da morte inesperada de Eduardo Campos? Marina Silva? Dilma?
Não.
1. Primeiro foi o inimigo íntimo José Serra, principal obstáculo para tentar se viabilizar como candidato dentro do PSDB de São Paulo.
2. Depois, seu fiel escudeiro Antonio Anastasia, na conta de quem – por azares de seu governo mal encaminhado ou mal divulgado – se deve ser debitada a maior parte de sua derrota em Minas Gerais.
3. E por fim, a própria Minas, que julgava sua amiga inseparável.
Então, convém Dilma Rousseff se preocupar mais com os amigos do que com os inimigos nos próximos quatro anos.
Não será a oposição que lhe causará mais estragos.
Aécio terá que se haver com o desespero de tentar ficar na onda por 48 meses e convencer correligionários de uma promessa de poder que não sabe se pode dar. E enfrentar disputas internas de seu partido – com o governador Alckmin? – para voltar a ser candidato.
Quem tem o PT como amigo, como se sabe, não precisa de inimigo. E o PMDB, menos ainda.
É do PT e seus ataques à ordem estabelecida e sua baixa fidelidade no Congresso que virão suas maiores fontes de desgaste.
E do PMDB de Renan Calheiros e José Sarney, as maiores pressões para desgastar e comer o governo pelas bordas. Não é à toa e conveniente que o partido se junta em torno de um meio inimigo do Planalto, Eduardo Cunha, como provável candidato à presidência da Câmara. Para o partido, é sempre conveniente colocar um bode na sala para negociar sua retirada.
Anotem.
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