“No socialismo, as intenções são melhores do que os resultados. No capitalismo, os resultados são melhores que as intenções.” (Roberto Campos)
Leiam Riqueza e a Pobreza das Nações, do professor emérito de Harvard, David S. Landes, morto neste ano.
Para além de toda teoria de desenvolvimento, ele prova com argumentos sólidos que o que difere as nações ricas das pobres é o seu grau de abertura para a livre iniciativa, a ousadia individual, a abertura intelectual e a paixão pela descoberta. Como Portugal e Espanha dos descobrimentos, a Inglaterra da revolução industrial, os Estados Unidos do pós-guerra, o Japão dos saltos tecnológicos, a China depois da abertura comercial.
Daí que dá uma tristeza danada ver o pudor com que a presidente da República e seu principal opositor tratam a questão da privatização, como se a abertura à livre iniciativa apresentasse um alto risco para suas pretensões.
Dilma gastou a maior parte do seu pronunciamento da TV por ocasião do leilão das reservas de Libra para sinalizar a seu público interno e à população que seu modelo de partilha não é, nem nunca foi, um modelo de privatização. Para combatê-la, seu principal opositor, o senador Aécio Neves, também dourou todo o seu discurso da tribuna do Senado para falar em privatização sem incorrer no risco de se passar por privatista. Ambos usaam concessões ou partilhas como eufemismos.
O PT que a apoia e de todo o espectro à esquerda da sociedade acreditam sinceramente no Estado promotor do desenvolvimento, apesar de todas as evidências em contrário no mundo livre.
De quantos argumentos e exemplos mais essa imensa parcela precisa para aprender que o Estado é um péssimo gestor, que ignora o mérito, sufoca o talento, estimula o comodismo, favorece as negociatas, tem mais funcionários do que precisa e não cumpre prazos?
No que diz respeito ao estado brasileiro então, um paquiderme inchado e lento, que exemplos mais precisam além dos sistemas de educação, saúde e segurança em frangalhos, a infra-estrutura estrangulada e o andamento das obras públicas comprometido? Que outros exemplos precisa mais?
Se o governo Lula conseguiu produzir mais de 10 milhões de empregos, não foi por obra e graça da iniciativa privada? Mesmo às custas da alta carga tributária e da burocracia infinita com que o governo inferniza sua vida? De que quantos exemplos mais precisa?
A própria competência da Petrobras, decantada em prosa e verso para justificar seu monopólio, é discutível. Sua produção atual, de 2,1 milhões de barris, é menos de um quarto do que produzem os Estados Unidos sem o bilhete premiado das reservas em águas profundas. Em seus 60 anos de atividade, ainda não conseguiu dar autonomia ao país, que ainda importa cerca de 400 milhões de barris diários, 20% de suas necessidades.
Pois esse fascínio equivocado pelo Estado produtor, agravado pela demonização do capital privado – “privatofobia”, segundo esse artigo de Fernando Rodrigues – e um arcaico fetiche nacionalista de controle das riquezas, só atravanca e dificulta o fluxo natural do crescimento.
Mesmo estrangulada, endividada, o caixa comprometido pelo controle de preços da gasolina e sem capacidade de investir, a Petrobras sentou em cima das reservas do Pré-Sal e se reservou a maior parte da operação, colocando em risco a exploração das demais reservas. A própria presidente da empresa afirmou que, dados os altos investimentos necessários em Libra, a empresa está limitada de investir nas demais reservas.
Por que então não abrir, sem medo, para a iniciativa privada? Qual o problema de entregar as reservas para o jogo livre de mercado entre empresas competentes, por sua conta e risco? Que riscos há, além de ter mais produção, mais empregos e mais impostos? Acaso acham que as empresas vão empacotar o petróleo e levá-lo às escondidas para fora do país? Que vão exportar antes de suprir o mercado interno? Comprar deles aqui, gerando empregos e impostos, não é melhor que importar?
As desvantagens desse tipo de controle anos 50 são tão retumbantes que impressiona que exista tanta gente esclarecida em sua defesa. E que não haja uma oposição convencida do contrário, sem medo de se apresentar como divergente e de apontar suas debilidades.
Não. Vamos para as próximas eleições numa disputa entre não privatistas e privatistas envergonhados, vítimas desse complexo miserável de jeca tatu que a esquerda subesclarecida reforçou e ampliou, amedrontados de defender a liberdade e a eficiência. E adiar por mais quatro anos o enfrentamento da racionalidade.
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