Três opiniões publicadas nesta semana sobre a esparrela da abertura do processo de Dilma Rousseff por Eduardo Cunha e o que revela de farsa do PT, dos políticos e dos poderes:
Do colunista Ancelmo Góis, de O Globo, sobre o “pau de galinheiro” em que se transformaram os três poderes:
“O Brasil é que virou um inferno. Dos chamados três poderes, o Executivo e o Legislativo estão, como se diz na minha terra, mais sujos que pau de galinheiro.
O Legislativo, como disse outro dia o veterano deputado Raul Jungmann, virou uma casa de réus. Tanto o presidente do Senado como o da Câmara são acusados de se envolverem com a quadrilha que assaltou a Petrobras. Cunha, que deveria requisitar uma junta médica para analisar seu caso, periga ser inocentado por… excesso de provas.
Já Dilma desgoverna. Ela, para usar uma variante de uma frase de Carlos Lacerda, mata o pobre de fome e o rico de raiva. O seu segundo mandato tem 11 meses num corpo de Matusalém. É uma agonia sem fim.“
Do colunista de Veja, Reinaldo Azevedo, sobre o “fim da religião” PT:
“Na quarta (2) à noite, minutos depois da decisão de Eduardo Cunha, as falanges do PT na internet já convocavam os fieis, em número sempre menor, para a guerra santa, tentando emprestar verossimilhança a uma farsa que cotidianamente é desmoralizada pelos fatos.
Chega a ser impressionante que o PT não se dê conta de que aquela gesta que lhe deu corpo, a luta dos bons contra os maus, já não encontra mais eco na realidade. O partido não é vítima de uma narrativa contada por terceiros, como tentam fazer crer alguns pistoleiros morais disfarçados de intelectuais e jornalistas. Não!
Os doutores de sua igreja é que se mostraram maus guardiões dos fundamentos que formavam uma irmandade, que propiciavam aos fiéis a experiência do pertencimento, a despeito das vicissitudes do mundo real.
Melhor que assim seja! Já estava na hora de o Brasil ter, de novo, um governo laico. À sua maneira, os pecadores do PT nos salvaram.”
Do editor da Ilustríssima, da Folha de S. Paulo, Marcos Augusto Gonçalves, sobre o “jihadista da direita corrupta” Eduardo Cunha:
“Cunha, o jihadista da direita corrupta, vendo-se encurralado, decidiu explodir o colete. Não esqueçamos que nosso “suicide bomber”, embora tenha agido agora como um lobo solitário, foi, durante longos meses, protegido e incentivado por setores da oposição e da imprensa. Como se sabe, o senador Aécio Neves, no afã de ganhar no tapetão o que perdera em casa, uniu-se à escória da política e chegou ao oportunismo notável de votar contra teses de seu partido na tentativa de chegar ao trono por caminhos insensatos.
(…)
Ninguém na opinião pública deixou de notar que ao aceitar o pedido Cunha agiu como um chantagista entregando sua retaliação. Muitos, porém, trataram de considerar que o impulso torpe não mancharia o processo, que poderá transcorrer, digamos, “normalmente”, sem carregar a mácula de seu pecado original. Devo dizer que discordo dessa avaliação. Não concordo que se possa higienizar a cena do crime dela limpando o vício inaugural.
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