O Nome da Rosa foi a primeira empreitada bem sucedida, de que eu tenha notícia, de levar erudição ao leitor médio de best-sellers, fazendo uso da carpintaria dos romances de suspense comercial. Inspirou um monte de seguidores, cujo expoente, sem 10% de sua erudição, é O Código Da Vinci, de Dan Brown.
Um Sherlock Holmes em plena era medieval, o monge Guilherme de Baskerville e seu jovem escudeiro investigam uma sequencia de crimes bárbaros relacionados aos sete pecados capitais, num mosteiro onde o riso é pecado e se escrevem todos os livros do mundo.
É de uma tremenda sofisticação, impregnado de citações em latim que beiram o exibicionismo intelectual que viria a se agravar nos livros posteriores (O Pêndulo de Foucault, por exemplo) e fazem de sua leitura um quase calvário para o leitor médio.
Que tanta gente tenha chegado ao fim de suas páginas e o transformado no sucesso que virou filme (Sean Connery como o monge detetive) é prova de sua grandeza: daqueles monumentos literários da galeria dos que nos arrependemos de não ler.
O que diz quase tudo sobre a genialidade de Umberto Eco, morto ontem, aos 84.
Primeira e grande referência para se entender as inquietações do filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo apaixonado por ciência, história medieval, misticismo, semiótica e, sobretudo, os fenômenos de comunicação de massa que procurou entender e traduzir, sem concessões fáceis.
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