A divulgação na última semana de que o Facebook perdeu 2,9 milhões de usuários em três meses, só nos EUA, parece o primeiro indício seguro de que a rede pode ter chegado a seu ponto de exaustão, aquele em que os fenômenos param de crescer e mesmo suas novidades são recebidas sem entusiasmo pelos adeptos.
Sua própria direção já havia percebido certa fadiga por parte dos jovens e agora parece certa de que eles estão migrando para ferramentas mais ágeis dos telefones móveis, como o Instagram, o WhatsApp ou o Tumblr. Como tudo no mundo da internet, novidades de hoje tornam obsoletas as novidades de ontem, com rapidez estonteante.
Não há uma boa explicação porém, nem da empresa e nem da imprensa, para o afastamento dos adultos. Há no ar aquele tipo de percepção sem base científica, mas palpável como um mouse, de que os mais velhos nem de longe interessados em conversinha dedilhada nos smartphones também estão meio de saco cheio de perder horas na rede.
Entre as muitas prováveis explicações ainda não suscitadas, a minha, também sem comprovação científica, é a que as elites – econômicas, culturais, sociais, eróticas –, se afastam sempre que as massas chegam.
Nos anos 70, a elite que frequentava a praia de Copacabana, a princesinha do mar cantada em verso e prosa no mundo todo, se expulsou para Ipanema assim que viu os farofeiros de Ramos e da baixada fluminense descerem em massa em suas areias. Dali pulou para Leblon e do Leblon para a Barra, à medida que os bárbaros vinham chegando. A ponto de hoje não ter uma praia para chamar de sua e, sempre que pode, em feriados prolongados, sair da cidade. Para Búzios ou Miami.
Aconteceu com a TV aberta, tanto por dentro quanto por fora. A elite que fazia televisão até o início dos anos 80, o pessoal mais intelectualizado do teatro, caiu fora assim que foi chegando a turma do rádio, as Hebes e Chacrinhas, e do Circo, Renato Aragão e companhia. Por fora, a elite no sofá se expulsou para as TVs a cabo e vai saltando agora para os downloads e os streamings da internet, onde é possível se diferenciar da massa que vai chegando atrás, colando no seu pé.
Tem a ver com querer ser diferente, com incompatibilidade de preferências ou com refinamento do gosto que passa a exigir mais quando o meio se populariza ou baixa seu nível para atingir grande público. Ou com preconceito mesmo.
É só olhar para o lado. Nosso apartheid informal separa muito claramente o tipo de gente que frequenta o Shopping Cidade e o Diamond, a Praça Sete e a Savassi, a apenas alguns quarteirões de distância.
Quem conheceu o Orkut e pulou fora quanto as empregadas domésticas chegaram nele, sabe muito bem do que estou falando.
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