Sempre que a violência contra a mulher sai do ambiente doméstico e ganha sua dimensão de tragédia em rede nacional, como nos casos recentes de Ana Hickmann, Bruna Linzmeyer e Ludmila do Funk, passando pelos estupros agora postados no Youtube, penso em Camille Paglia e nas motivações subterrâneas do homem.
A feminista que as feministas detestam, teórica do fracasso do novo feminismo em entender as debilidades masculinas, desenvolveu em seu Personas Sexuais (1990) a melhor teoria que conheço sobre os conflitos masculinos diante do poder indecifrável da mulher.
Que podem, interpretação minha, explicar muito da covardia com que as atacam.
O agressor da modelo no quarto de hotel, os que maltrataram a atriz por ter assumido o relacionamento homossexual com alguém fora dos seus padrões e os racistas que massacraram Ludmila, passando pelos estupradores propriamente ditos, são mais do que o tipo torpe que floresceu com a facilidade de agredir e se camuflar nas redes sociais.
São seres dignos de pena, encolhidos em seus quartos, eunucos masturbatórios, que não conseguem lidar com a impotência de decifrar, dominar e reter o objeto de fascínio que lhes é insondável.
Representações de poder
O livro que analisa as representações de poder nas artes, da rainha egípcia Neferti a Emily Dickinson, é um ensaio de alta erudição sobre o poder intimidante da mulher e da impotência do homem para entendê-lo e enfrentá-lo.
Como a natureza, com sua fertilidade e seus ciclos, ela é o desafio que o homem que constrói cidades e aviões conhece, sabe que existe, enfrenta, mas não domina, como raios, trovões e terremotos.
Parte da explicação está na relação ambígua com a figura da mãe, sua origem e seu fim, que ele quer possuir e descartar.
Em entrevistas recentes sobre os erros táticos das mulheres em competir com os homens no mercado de trabalho, em igualdade de condições, ao invés de tirar partido de suas debilidades, ela disse que:
“A imagem mitológica da mãe é muito poderosa para os homens no nível psicológico. Todo menino precisa se livrar da sua mãe. E todo heterossexual que penetra uma mulher retorna ao útero.
Há uma ansiedade e um perigo no ato sexual entre homem e mulher. O homem se sente em risco ao colocar seu pênis no que considera uma potencial armadilha. Por isso há e sempre haverá uma ambivalência na relação sexual entre homens e mulheres. Ele deseja a mulher, ele quer ser nutrido por ela, e quer se livrar dela ao mesmo tempo porque tem receio de ser preso novamente no útero.
Muitos dos comportamentos machistas, arrogantes e estúpidos, são formas tortas de o homem dizer que não está sob o poder da mulher, que não é mais um bebê. São parte do medo do poder da mulher, do útero e da criação. Qualquer pessoa que tentar racionalizar isso, não irá pelo caminho certo.”
Repercussão e lei
Nossos estupradores virtuais estão, digamos, na fase anal da criança que admira e não decifra o objeto que quer dominar. Os estupradores físicos, que postam vídeos depois do orgasmo na internet, na fase do descarte no medo do controle que vai sugá-los para o útero.
Ambos, vítimas de seus hormônios, de sua biologia e, no caso no Brasil, de lei.
Sendo funda e primitiva a motivação masculina, produto de hormônio e biologia, não há outro caminho para enfrentá-la senão com o rigor da lei.
Em países avançados, onde os índices e violência contra a mulher são baixos e os homens naturalmente têm as mesmas motivações subterrâneas, as mesmas leis que reduzem os conflitos entre os homens servem para impedi-los entre homens e mulheres.
A questão é eficácia e resultado.
O Brasil vem há algumas décadas criando delegacias e leis especializadas de defesa de mulher a cada estupro nosso de cada dia e a cada nova repercussão, sem, ao que parece, resultados práticos, a julgar pelas estatísticas.
Dados de 2012 do Mapa da Violência dão 5 espancamentos a cada dois minutos, 1 estupro a cada 11 e um feminicídio a cada 90. Mais de 43 mil mulheres assassinadas em dez anos.
Como nos outros países não há um descalabro desse porte, é possível conter a biologia e seus hormônios dentro de certos limites.
Como Passar Na Oab diz
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assistência apple autorizada diz
Troca de link nada mais é mas é só colocação de outra pessoa
webpage link em sua página no apropriado lugar e outra pessoa também irão fazer semelhante em apoio do você.
ANTONIO SATHLER diz
O mal da humanidade continua sendo a hipocrisia. Hoje chamam de monstros os que estupraram a garota no Rio. Amanhã, se presos, terão “hospedagem” e alimentação pagas por nós. Alguns terão, ainda, o escandaloso AUXILIO RECLUSÃO. Se forem colocados para trabalhar, para o próprio custeio e tratamento da vítima, surgirão os defensores dos DIREITOS HUMANOS DOS DESUMANOS, Dá nojo só de comentar sobre o assunto.
…e nós somos os culpados por aquele estupro pois elegemos deputados e senadores que fazem leis pensando em sí ou seus filhos que poderiam ser um dos estupradores..