Reviro a internet para descobrir quem fez a blusa de paetês, miçangas e pedrarias douradas que veste a Nathália Dill na capa da revista Estilo, de junho, que me arrasta como um quadro de Gustav Klimt. Acabei impactado pela beleza, a admiração pelo trabalho meticuloso e a especulação filosófica de tentar entender quem é capaz de se dedicar alguns anos de vida a bordar uma peça dessas. Uns cinco anos, imagino.
Aí descubro que não é blusa. É vestido. De manga comprida e franjas de pedras. Que custa cerca de R$ 4 mil nas melhores casas do ramo. Que algumas mulheres – talvez muitas – são capazes de ir à loja apenas para sentir a sensação de posar com uma peça dessas e ainda fotografarem-se contra o espelho.
Que a artista é a estilista mineira Patrícia Bonaldi, já exportadora para fora do país, e a peça produzida por sugestão de uma blogueira de moda, Thássia Naves (na foto à direita).
Mas aprendo também, a contragosto, que a vida fora das capas de revista pode ser cruel. Iluminado profissionalmente, o vestido de Nathália Dill é muito mais impactante que seus similares pendurados em ombros menos bem tratados a cremes e iluminação de estúdio. Que, sim, há mais vestidos do que aquele andando por aí e – oh, surpresa – há que existir muito mais pessoas capazes de dedicarem cinco anos de sua vida a um bordado.
Perambulando ainda pelos corredores do meu shopping virtual, ainda especulo sobre arte e arte de massa, mesmo que massa aqui possa ser entendida com a do grupo de pessoas capaz de dar 2 mil dólaes num vestido. Esse tipo de produção que nasce do gênio de alguém, mas que, diferente dos quadros de Gustav Flimt, podem ser replicados sem perder a qualidade , admirados fora das telas, provados e vestidos.
Mas vou dormir ainda numa sensação pior – por que não consigo apenas gostar de alguma coisa? Por que tenho também que entendê-la? Por que, como os franceses, preciso sempre de uma teoria que justifique a mera existência das coisas?
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