Cinco coisas e um PS sobre o blog O Antagonista, lançado em janeiro por Diogo Mainardi e Mário Sabino que nasceu com a proposta de contraponto à mistificação que saltou do jornalismo impresso para o online.
— O antagonista é aquele que amola o protagonista. Nosso jornal pretende amolar os protagonistas da política, da economia, da cultura…
1. Os blogs estão cada vez mais espartanos: cabeçalho cada vez menor, menu circunscrito ao essencial, textos de não mais que 300 palavras e alinhados em tópicos numerados (como este), etiquetas sem firula (Leia mais, Email, Cadastre-se), espaços em branco. É o fim da árvore de Natal de pop ups, banners giratórios e barra lateral cheia de chamadas e referências a redes sociais. Responsivos, na expressão dos marqueteiros digitais, para aparecerem bem em tablets e smartphones.
2. Blogs bem sucedidos têm cara, discurso e lado definido. Se trata de Política, tem que ser contra ou a favor. Não parece mais haver espaço e repercussão para publicações em cima do muro. Seus leitores acompanham ou fogem quando não se sentem representados. As opiniões são na maioria afinadas, sem contestação.
3. Não tem como o texto desses dois “fantasmas do jornalismo impresso”, como se intitulam, serem mais adequados à tendência: crus, fortes, descarnados de “mas”, “entretanto” e outros recursos retóricos que disfarçam a dissimulação dos políticos, a empulhação das celebridades do show bussines, a falsa imparcialidade dos jornalistas da grande imprensa.
>>> Quem se aficcionou a Mainardi sabe que ele trabalha com camadas de informações bem apuradas e superpostas de forma a dificultar contestação. Seus textos virulentos na Veja provocavam silêncios ensurdecedores entre os atingidos. Há um memorável sobre a onda de palestras oportunistas de jornalistas consagrados como Arnaldo Jabor, Gilberto Dimenstein e Míriam Leitão: Estou ficando rico.
4. Persiste a dificuldade de se viabilizarem comercialmente. Mainardi chega a brincar com o desespero de captar anunciante e, a julgar pela sua fala, parece acreditar no modelo antigo de atrair banners bem pagos que os grandes jornais tentaram sem sucesso, numa tentativa de transpor seu modelo de negócios para o mundo virtual. Blogs e sites só conseguem preencher seus espaços publicitários com anúncios distribuídos pelo Google, pagos mediante clique, em preços irrisórios (até R$ 0,2) e eficiência mensurável.
— Acho que seremos eliminados antes. Não seria melhor só amolar? Quem vai patrocinar gente como nós?
>>>Ver meu texto: Imprensa vê pátios cheios mas não redações vazias
5. Mesmo personalidades de peso como os dois (Diogo está no respeitado Manhattan Connection e Sabino vem do segundo cargo de importância na redação da Veja) precisam ser multimídias se querem repercussão. Presença em diferentes plataformas e redes sociais.
PS – Desconfio que só salvarão a empreitada se adotarem os mecanismos de marketing digital que vêm dando sobrevida a protagonistas grandes (filtros para cobrar por conteúdos exclusivos), médios (vídeos patrocinados no Youtube) e pequenos (venda de produtos próprios, livros e palestras).
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