Sobre o que a presidente conseguiu preencher até agora na Esplanada dos Ministérios:
1. O PMDB conseguiu equilibrar o peso no novo Ministério de Dilma. Está com o mesmo número de ministros do PT. Reclamava que era tratado como amante no primeiro mandato de Dilma, apesar de seu peso na coalizão.
2. Houve o esvaziamento de um certo tipo de PT, o mais verborrágico e ideológico, representado por Gilberto Carvalho e Marta Suplicy. Cresce o PT mais calado e pragmático, com Aloisio Mercadante, José Eduardo Cardozo, Jacques Wagner e Patrus Ananias.
3. Jacques Wagner merecia pasta mais executiva e menos honorífica do que a Defesa. Deve ter sido escalado para conter a pressão da Comissão da Verdade e acalmar os militares sob seu comando.
4. O sempre bem mandado Ricardo Berzoini pode ter sido escalado no Ministério das Comunicações para acenar com o projeto de regulação da Mídia. A presidente não quer essa dor de cabeça com a imprensa, mas também não quer deixar de ter essa carta na manga.
5. Deve ser o único país do mundo em que a presidente tem uma cota pessoal de ministros, os da área econômica e os mais próximos de seu gabinete, Secretaria Geral etc. Como se os partidos permitissem que ela tivesse uma, digamos, participação no governo.
6. Nomeações discutíveis como as do filho de Jáder Barbalho, do pastor preso com malas de dinheiro em 2005 e da professora que um dia quis proibir livro de Monteiro Lobato vão na cota de folclore que sempre cerca Ministérios de tantos nomes a preencher e sem peso: Pesca, Esportes e Igualdade Racial. Que se ficarem fechados ou se seus ministros não forem recebidos em despacho pela presidente, não fará diferença.
7. Para uma iniciante sem jogo de cintura, ela mandou politicamente bem. Sem levar em conta o mérito das escolhas, conteve o PT, contrabalançou o peso com o PMDB, puxou aliados mais estratégicos e gente de sua confiança (Pepe Vargas na Relações Institucionais e Miguel Rosseto na Secretaria Geral da Presidência) para perto.
PS – Se o que a imprensa vem dizendo é certo, de que tirou a turma de Lula, mostrou mais força ainda. Mas duvido. Ela ainda o ouve.
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