Morte trágica e ainda no ápice da carreira é um poderoso instrumento de marketing, embora não se tenha controle sobre ele.
Já se disse que a camisa suja de sangue de Getúlio Vargas, morto num mesmo 24 de agosto, há 60 anos, elegeu uma geração de políticos, a começar de JK e Jango.
A morte de Tancredo, antes da posse, em 1985, elegeu todo o PMDB nas eleições do ano seguinte, 1986, a começar do neto Aécio Neves. E a de Eduardo Campos, agora, não vai chegar a uma geração, mas vai tirar muitos novos políticos das urnas.
O que faz da de Getúlio única é que tudo indica que ele teve controle sobre ela. Seu biógrafo de três grandes volumes recém-lançados, Lira Neto, diz que ele considerou o suicídio com uma possibilidade contra seus adversários, em cinco ou seis anotações.
– Não foi um ato de um homem deprimido, um ato de desespero, mas um ato de coragem.
Veja nesta matéria de O Globo.
E este outro de Carlos Heitor Cony, jornalista desde 1952, curto, grosso e belo sobre o Getúlio ambíguo, mesquinho e grandioso, capaz de dar rasteiras nos adversários e ter, ao mesmo tempo, uma visão de futuro:
– Era também um Vargas, homem de olhar periférico como o dos insetos, capaz de uma visão telescópica do futuro de uma nação.
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