De vez em quando esfrego minha bola de cristal. Para a eleição 2018, ando prevendo que:
- É favas contadas que Lula se candidata em junho do ano que vem, durante as convenções partidárias e antes da decisão do tribunal de segunda instância que pode torná-lo ficha suja. Como se manter candidato, se eleger e se manter no cargo, mesmo condenado, não deve ser motivo de maior preocupação dele, dadas as tantas brechas na legislação que mantém eleitos condenados sob liminares. Paulo Maluf é só um exemplo.
- Se perceber, como é muito provável que perceba, que não tem chances na eleição presidencial diante do desgaste monumental que restringe seus votos hoje à militância, pode convencer o partido a colocar alguém menos chumbado, como Fernando Haddad, e sair candidato nas eleições parlamentares para puxar voto. Senador por São Paulo, onde o partido foi desconstruído pelo PSDB no governo, seria o melhor argumento.
- Com Lula, recrudesceria o espectro à direita, com Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin (ou João Doria), Álvaro Dias do Podemos, os candidatos do DEM (Rodrigo Maia?) e do PMDB (Henrique Meirelles?). Sem ele, o clima mais desanuviado e menos belicoso, viram-se todos contra Bolsonaro. Não só porque todos os candidatos batem em quem está em cima para ganhar votos na comparação, mas porque seu radicalismo a Donald Trump e Marie Le Pen vai levar água para o moinho de um candidato de centro direita, terceira via, como Emmanuel Macron, na França. Pode ajudar quem estiver menos envolvido em denúncias, como Álvaro Dias.
- Não é fácil encarar Bolsonaro na campanha. Além de que vem modulando o tom radical, vem articulando um discurso caro à classe média conservadora dominante diante da desestruturação da sociedade e da relativização dos valores. Fala em Deus, família, nacionalismo, combate duro à violência e às esquerdas. É o mais autêntico opositor delas.
- Geraldo Alckmin continua sendo o mais viável candidato do PSDB, até que apareça alguma denúncia de maior repercussão de seu comprometimento com corrupção. João Doria, o candidato mais próximo das ideias de ordem e progresso de Bolsonaro, com cashmere, já esteve melhor no páreo. Errou a mão na evacuação da Cracolândia e perdeu pontos nas pesquisas nacionais. Se Alckmin cair por denúncias, o lugar é dele.
- Rodrigo Maia fez um recuo tático depois que fez água sua tentação de substituir Temer e cacifar para 2018, em caso de afastamento. Cresceu como candidato do Rio de Janeiro, mas suas articulações para reacender o DEM e a visita a Geraldo Alckmin ontem parecem indicar que não está fora do páreo da eleição nacional.
- Da mesma forma que só eu acho que Lula pode ser candidato a senador, só eu acho que Henrique Meirelles é a carta na manga de Michel Temer, na falta de um candidato de projeção no PMDB. Embora os políticos o detestem, não se duvide da possibilidade de Temer enfiá-lo goela abaixo do partido se a economia estiver dando bons sinais de melhora, como estará.
- O candidato do PT, Haddad ou outro mais palatável e menos manchado, terá votação quase residual. É uma participação de honra para tentar levantar a chama do partido.
- Marina Silva deve ir pelo mesmo caminho. Ela purga o preço da indefinição. Atraiu o amplo espectro à direita quando se afigurou com potencial para vencer Dilma Rousseff e o PT, em 2014, mas evoca afinidades com as ideias de esquerda que não farão qualquer sucesso na próxima eleição. E, desta vez, há candidatos de sobra.
- Boa parte dos políticos envolvidos em maior grau com denúncias de corrupção serão reeleitos. O máximo que acontecerá é descerem um degrau na carreira: senadores como Aécio Neves, Gleisi Hoffmann e Lindberg Farias devem se candidatar a deputado federal, federais enrolados vão tentar mandato de estadual, estaduais comprometidos podem tentar vaga de vereador ou, na hipótese mais pessimista, síndico de prédio. O eleitor não conseguirá puni-los, mas pedir que recomecem.
Poder da polícia
Dia desses, a tornozeleira eletrônica de Nestor Cerveró sumiu do radar, como costuma acontecer, porque a comunicação do GPS do aparelho falha no sítio em que mora, na região serrana do Rio.
Os policiais ligaram e, apesar dele ter atendido no fixo, pediram que fosse para o lado de fora em busca de algum sinal. Chovia muito, ele pediu para adiar, alegando que ter atendido no fixo provava que estava em casa. Negaram, e ele foi para a chuva. Problema é que se esqueceram de ligar de volta e ele ficou por lá.
Indica que o monitoramento do uso de tornozeleiras parece ser daquelas poucas coisas que parecem funcionar no país, terceiro no ranking de uso, com 28 mil instaladas, segundo boa matéria da Veja impressa.
O que não costuma funcionar muito bem é cabeça de policial.
Poder da mídia
Reinaldo Azevedo, que vem perdendo as estribeiras e o bom senso em sua cruzada contra a Lava Jato, levantou algo digno de nota: Deltan Dallagnol, o procurador chefe e principal estrela da operação, fez concurso e foi nomeado procurador fora da letra da lei, beneficiado pelos arranjos do Poder Judiciário.
Prestou e passou concurso no ano em que se formou, 2002, quando lei exige um mínimo de dois anos de formado, depois modificada para três. Prestou concurso, foi nomeado e nomeado ficou graças a liminar impetrada por seu pai e advogado, ex-procurador de Curitiba, depois confirmada por “fato consumado”. Que não cabe.
Como o procurador brada diariamente no Twitter contra os fora-da-lei, Reinaldo pergunta se ele teria a mesma condescendência com outra pessoa na mesma situação.
MWiesen diz
A entrada do Henrique Meireles me deu uma certa dose de esperança, para 2018, porque Doria ainda precisa de mais experiência. Meireles tem o conhecimento do mundo financeiro e suas artimanhas, pois, meus amigos, é somente controlando o caixa, com alguma malícia política, sem vícios, é que teremos resultados.
Jose Geraldo diz
Pelo estrago que Lula e sua quadrilha de bandidos qualificados fizeram no Brasil, atingindo principalmente os “pobres”, ele não deveria nem ser citado. Acontece, que os “pobres” não conseguiram enxergar isso, porque no momento que explodiu a bomba, quem estava no comando era a Dilma. Então, a culpa ficou toda para ela, merecida aliás, dada a tamanha ignorância. Pela falta de conhecimento, até entendo que os “pobres” não conseguiriam enxergar isso. Mas, aqueles que tem o conhecimento, sabem que foi exatamente isso que aconteceu, não tem como negar. O país ficou muito mais pobre, depois de Lula.
Carl diz
Concordo com a frase do Vitor acima que ele diz que estamos na lama. Claro, olha só, no Brasil só tem impressa de esquerda, A TV só passa novela ligada a esquerda, o jornalismo TODO é de esquerda, você nunca vai ver no jornal a expressão extrema esquerda. Os cantores são de esquerda, as pesquisas são de esquerda vide quando todos os jornais diziam que a Hilary Clinton ia ganhar de lavada, As reportagens só trazem entrevistados ligados a esquerda, A rádio quase todos são de esquerda, na faculdade os professores são todos de esquerda ensinando só o lado que lhe convêm, Enfim só tem esquerda no Brasil, não temos partido de esquerda no Brasil, Ai quando você levanta uma bandeira contraria começa o mi mi mi a choradeira.
A esquerda gosta tanto do pobre que não dá liberdade econômica pra ele melhorar de vida, quer que ele fique dependendo do estado pela sua vida toda. É difícil perceber e entender isso?
Duvide duvide sempre caro leitor de político que vem com conversa mole que vai te dar algo, Precisamos é de liberdade econômica pra poder fazer o país crescer e todos nós ganham com isso.
Abraços!
VITOR diz
Coluna totalmente enviesada à direita. O cara nem cita Ciro Gomes. Ignora as chances de Lula e considera seriamente Bolsonaro e outros candidatos que só pioram a vida do mais pobre. Não to pedindo para exaltar Lula, nem Ciro nem a esquerda, queria só uma imparcialidade ha muito perdida por qualquer espaço veículado pelos DIarios Associados. Boa parte dessa lama em que vivemos deve-se à imprensa que nao consegue fazer seu trabalho de forma isenta.