Ao lançar Haddad, Lula evita a pressão dos próprios partidos aliados por apoio do PT a outro candidato e sinaliza que pode estar fora.
Raposas como Lula não fazem nada por acaso e nem fora do timing.
No momento em que eleição no congresso dispara as especulações sobre a eleição de 2022, ele pôs na mesa a candidatura de Fernando Haddad.
Não visa polarizar com o centro ou a direita, mas com seu quintal mesmo.
Numa tacada, ele corta de saída toda a conversa de que o PT, desmoralizado, tem que abrir mão de suas tentações hegemônicas para apoiar candidato de outro partido da esquerda.
Se ele sai na frente, cabe a quem quer aliança aderir a quem já está posto, não o contrário. Não existe isso de renunciar à candidatura.
Não à toa, foi Guilherme Boulos quem mais somatizou o tranco. Ele é a expectativa mais consistente da esquerda de ter bom desempenho eleitoral em 2022, a partir de sua performance impressionante na eleição de São Paulo.
Lula parece saber que, se jogasse parado, iria sofrer enorme pressão para apoiar um candidato fora do PT, sobretudo a partir do entorno de Boulos. Que, a propósito, nunca disfarçou que esperava apoio dele.
Outro coelho com a mesma cajadada é já ir viabilizando um candidato por saber que não tem chances legais ou eleitorais de disputar 2022.
A opção por Haddad é apenas óbvia e um tanto quanto preguiçosa, apoiada só no recall da última eleição. E não necessariamente a melhor. Estatizante e progressista demais, diante do crescimento da tendência conservadora e liberal.
Lula pode estar apenas querendo continuar no comando, contando com um candidato que fará o que ele quiser.
De qualquer forma, la já sinaliza que pode estar fora (o gato subiu no telhado) sem deixar de estar por trás.
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