Diante de qualquer acusação, o ex-presidente Lula repete a resposta automática de que “não sabia”, aperfeiçoada em tempos mais recentes para acrescentar que nunca autorizou ninguém a falar em seu nome.
Parece reflexo condicionado de uma estratégia que foi incorporando à sua personalidade: de terceirizar situações espinhosas e nunca tratar com ninguém de acertos comprometedores.
As delações mais detalhadas até agora de seus empreiteiros mais próximos — Emílio Odebrecht e Léo Pinheiro, da OAS — indicam que ele vai até o ponto em que alguém tem que entrar na jogada para fazer a conversa ruim. José Dirceu e Antônio Palloci cumpriram esse papel, quando presidente, antes de outros que foram entrando em cena.
Léo Pinheiro relatou a Sergio Moro quase quatro anos de idas e vindas e longas conversas, sem falar com ele, em reuniões e mais de centena de telefonemas para o tesoureiro João Vaccari e o presidente do seu instituto, Paulo Okamoto.
Só lá pelo quinto ano, início de 2014, conseguiu por sugestão de Vaccari uma reunião com o próprio para resolver o problema da transferência de titularidade da cobertura do Guarujá, em nome da empresa por orientação de seus dois interlocutores até arranjar um jeito de fazer a mudança sem maiores efeitos colaterais.
Ainda assim, ele consultou a mulher, foi ao apartamento com Léo e a família para fazer encomendas e faltou à segunda visita programada. Quando o empreiteiro voltou para consolidar a transferência, ele mandou conversar com Vaccari e Okamoto, que assumiram o ônus de dizer que os custos de transferência e reformas deveriam ser debitados da conta de propina que o empreiteiro mantinha com o tesoureiro.
É de se acreditar, sim, pelo seu histórico e por essa estratégia impregnada que virou reflexo condicionado, que não existam provas de que ele pediu ou autorizou qualquer coisa a Léo, a Okamoto ou a Vaccari.
Se pediu, foi em reuniões privadas e isoladas com cada um, de que é impossível comprovar a veracidade, salvo em gravações clandestinas. As provas até reunidas, de telefonemas, agendas, pedágios pagos por carros do Instituto Lula em direção a Guarujá são indícios ou, como se virou moda dizer, “convicções”, não provas.
Performance e show
É com essa carta que deve chegar a Moro e repetir a perfomance de perseguido com que deu show em seu último depoimento gravado e reproduzido em Brasília, no processo em que é acusado de ter mandado comprar o silêncio de Nestor Cerveró.
As intervenções de seu advogado Cristiano Zanin, nas audiências dos delatores, deixam entrevê-la. Em nenhum momento, o advogado deixa passar qualquer ilação que possa sugerir que o ex-presidente pediu ou recebeu diretamente benefício de quem quer seja.
Como em Brasília, o ex-presidente vai repetir seu portfólio de serviços prestados para fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção — PF e Ministério Público — e evocar o espírito de um modelo de Justiça que vai caindo de moda, que se aferrava a provas físicas para dispensar contra provas, testemunhos, indícios e circunstâncias, muitas vezes para livrar poderosos da cadeia.
Seu risco é o juiz aparecer com algo novo que o desmonte, como costuma acontecer e demoliu um Marcelo Odebrecht cheio de arrogância. E ser Sergio Moro. E estarem em Curitiba.
Como Joaquim Barbosa, Moro é da linha da geração fora da curva sensível ao argumento de chefe de comando, referência de uma Justiça — digamos — mais moderna que, entre outras coisas, prendeu o goleiro Bruno por ter comandado o assassinato da amante sem haver corpo e encarcerou José Dirceu no Mensalão por “domínio de fato”.
Outra alternativa é o silêncio, que não faz seu estilo, pela carga de covardia que poderia ensejar. E uma terceira, não comparecer, forçando a antecipação de uma prisão que, a essa altura, pode servir a outros propósitos.
Como é seu estilo e do DNA do seu partido, tão importante quanto não fazer acordos com estranhos é partir para o enfrentamento.
A luta, que prevê mobilizações e grandes lances ainda até 2018 e depois da final de campeonato do dia 10, mal começou para eles.
Bye bye, amigos
Pior da última semana para Lula, nem foram as pancadas dos últimos depoimentos da Lava Jato, mas ver seguidores fervorosos do passado pularem fora do barco e terem a coragem de, pela primeira vez, encará-lo publicamente:
1. Paulo Delgado, um dos fundadores do PT:
— Lula demanda uma atenção exagerada para si, um comportamento típico de líderes tradicionais da esquerda, como Stálin e Mao Tsé-Tung. Líderes que fracassaram. Lula é lulista, não é petista. Mas o PT é maior que Lula.
2. Flávio Bierrembach
— Não entrei no PT por causa do Lula, mas de um partido criado por intelectuais e a esquerda católica. Lula é e continua sendo maior do que o PT. No dia em que o Lula cair, acaba o PT.
3. Paulo Henrique Amorim
— Todo mundo poderia ter se locupletado. Menos Lula.
É preciso sempre prestar atenção dos mais próximos. Aliados e amigos em política vivem de perspectiva de poder. Se pulam fora, é porque não acreditam mais nessa perspectiva.
Revanche
Alguns amigos se queixando de que pus em dúvida o crescimento de Lula nas pesquisas, ao questionar no último artigo a ordem do formulário da Vox Populi e ignorar que ele arrasa no Ibope.
Não questionei o resultado, mas que ele pode ter sido influenciado pela ordem das perguntas de circunstância que antecedem a pergunta de intenção de voto, a “esquentada” do entrevistado que os institutos fazem antes de perguntar a preferência do eleitor. Não questionei o crescimento dele, que vem desde a queda de Dilma, quando se descolou dela.
Seu crescimento surpreende sob todos os aspectos. É o único político conhecido que não caiu com as revelações da Lava Jato. Pelo contrário. Há uma curiosa e preocupante onda de revanche contra o que seria uma injustiça contra ele. Que sugere a ideia de uma bronca descomunal com os meios de comunicação que emulam o que sai de Curitiba, estando certos ou não.
Judas Tadeu Silva Araujo diz
Lula é nosso presidente para 2018
O resto é balela
ivone maria de araujo moreira diz
Ta bom Edilson, e você é um daqueles que ainda acredita que Lula é santo? Deve ser como muitos que ainda o acompanham e ele faz escárnio de tantos brasileiros como você. Que Lula seja um dos muitos que serão desmascarados neste Brasil.
Paulo de Almeida diz
O Lula nunca leu A Filosofia da Liberdade, mas ele sabe +- como se dá o processo de adesão sem conhecimento, como a gente percebe uma realidade e consegue imaginar outra, como se faz a cabeça de uma população vulnerável, sem perspectiva nem identificação, onde ele forja com maestria fazer parte desta população, enquanto na verdade ele anda noutras, talvez desde o início… Ele sabe quase melhor que o diabo jogar um contra o outro e sair ganhando, enquanto os dois deveriam estar contra ele. É assim que o cara vai, feito um Gobels negando tudo cinicamente, p depois suicidar-se, e deixando uns idiotas até hoje imaginar que o nazismo é a solução. Ele vai, sabendo que o pobre sente e depois pensa, no louco processo de ver uma realidade e imaginar outra.
Carlos Macieira diz
No Brasil, para prender ricos e influentes, é uma burocracia que não tem fim!!!
Quem neste mundo, de posse de suas faculdades mentais, não sabe que o Lula é um farsante???
José Geraldo diz
Eu não sei qual o motivo de tanta lenga lenga, deveria prender logo o Lula e acabar com essa história. Todo mundo sabe que o cara é um ladrão e, mesmo assim, tem essa burocracia toda pra trancafiá-lo. Deveriam prender primeiro, para depois discutir se a pena vai ser mais de 60 ou mais de 70 anos. Cadeia Já para esse bandido.
Cícero Alvernaz diz
Fico admirado como tem gente que ainda apoia o Lula. O brasileiro realmente tem síndrome de cachorro magro. Como se pode defender um cara que juntou a sua turma com um único objetivo: destruir o Brasil? Uma pessoa sem nexo, sem conhecimento, sem discernimento, que nunca trabalhou na vida e hoje posa de vítima da sociedade e agora vítima do Juiz, Dr. Sergio Fernando Moro. Eu não entendo o povo brasileiro. Nunca votei nessa corja, mas quem votou e viu tudo que aconteceu e ainda ficar defendendo essa gente! Tenha a santa paciência, como diria a minha avó! Lula na cadeia já! Para o bem do Brasil e para servir de exemplo para quem intenta trilhar o seu caminho de roubo e de enganos.
André Meireles diz
Ou será uma zap, ou um sete de copas….acho que ele é o rei do blefe.
Nunca jogou carta na vida mas sabe mentir muito bem….o que me dá pena é em quem acredita, quem credita e quem não acredita nesse dissimulado.
Cara imprensa temos uma escola de mentirosos onde o nosso professor mor se chama Sarney pai, portanto cuidado para voces também não serem lembrados como alunos.
Mentira quando repetida varias vezes pode ser tornar verdade, segundo nosso mentor mor José Ribamar Sarney, mas será que ele acredita nele mesmo? ou vai pra cadeia?
Povo brasileiro vamos ter uma maior auto estima e se preocupar mais com o que o estado nos dá em troca de tanto dinheiro que injetamos nesse nosso empregados (políticos)? tá na hora de despedirmos quase todos.
André Meireles diz
lula joga com a carta do Palhaço ou da morte.
André Meireles diz
Meu caro Ramiro tenho muita admiração por voce, mas o ex presidente Lula não tem status nenhum de estadista e muito menos de líder acho ele um político qualquer que não representa nada e o tempo vai mostrar isso. “Ele poderia ter sido” mas não foi e nem será, apenas será sempre lembrado como o maior corrupto do mundo e não estadista (voce vai me desculpar), mas ele sim entrou para história do Brasil.
Entrou para nossa história, como o pior presidente e o mais corrupto, um verdadeiro manipulador das pessoas que são pobres, humildes e até intelectualizadas e infelizmente não tem o poder de dicernimento de saber que estão sendo enganadas por um “pilantra phd “.
LULA NÃO TEM CARTA NENHUMA NA MANGA, POIS, MALANDRO NÃO ESTRILA.
Paulo de Almeida diz
Apesar dos edilsons da vida… o antes impensável, inimaginável está se tornando realidade, e ele vai ter que vê-la também, talvez negando-a como o poderoso chefão mafioso do filme tal que pergunta… a um parente exaltado se referindo à máfia, o que é isto? Lula vai morrer assim!
Gutierrez Lhamas Coelho diz
O que se depreende no texto é que o autor atribui, mesmo que indiretamente, o papel de juiz e algoz ao Moro. Ele está sempre certo, em Lula tudo é show e encenação. Ora, trata-se de uma opinião no mínimo discutível, um lamentável equívoco atribuível somente à tendência do EM, uma vez que, estando mesmo numa suposta democracia (a nossa tem levado tanta pancada que me custa acreditar nela) as forças em confronto são iguais, até que se prove a culpa do acusado. Vejo com desgosto e aflição o posicionamento
tão tendencioso, o que configura um jornalismo de péssima qualidade
Edilson diz
A unica coisa que juiz Moro quer é prender o Lula como fantasia êxtase de ser o cara de julgar e prender politico, e depois todo processo do Lava Jato acaba, e outros políticos entre eles, Aécio, Cabral, Eike, Garotinho, Temer e outros, e as empresas Odebrech, OAS com seu presidentes irão ficar livre em morar fora do Brasil e ninguém irá saber, não duvidas disso, processo LAVA JATO ÉPURA SAFADEZA, POIS ATÉ AGORA NENHUM CENTAVO VOLTOU AOS COFRES E DESEMPREGO E ECONOMIA CONTINUA LÁ EM BAIXO.