Romance de formação em busca de identidade, debatendo-se por liberdade, justiça, prazer e Deus
“A vida do homem pode resumir-se num passeio ao longo das mulheres que ele amou ou que não entendeu.” A partir da epígrafe de Carlos Drummond de Andrade, o homem na busca de sua identidade, debatendo-se por liberdade, justiça, prazer e Deus.
Uma mulher em cada capítulo, em cada capítulo um livro e uma visão de mundo, porque a vida também pode ser uma viagem pelos escritores que ele amou ou que moldou sua visão de mundo e dos outros.
Esse o grande caminho desse livro e que, segundo o crítico José Maria Cançado, “atravessa todos os grandes romances: uma viagem pelo coração humano. A long and widing road, claro.”
Primeiro romance do autor, de 1986, foi saudado à época pelo crítico como um romance de formação subvertedor:
“Com essa educação sentimental que é o seu romance (e ele complica mesmo, cita, parodia, reúne, compila e organiza seu material com zelos de um Flaubert), retoma o que faz tremer o mais impassível dos leitores: fazer do romance um discurso sobre as paixões.
E é formidável como ele escapa dos pecadilhos que quase todo escritor comete no primeiro livro, mas que nos seguintes e ao longo da carreira tendem a se tornar pecados mortais e imperdoáveis. Ramiro escapa do romance confessional, dos sub-Encontros Marcados, do ego-romance. Como? Pela via da ironia, da ironia romanesca, da paródia, da citação não livresca, mas subvertedora.
Esse livro sobre o amor, o aprendizado de si e dos outros, sobre a pegada erótica, sobre as desilusões, não chama a esse tipo de lágrima sempre pronta a saltar, engurgitamento e excitação de glândulas do choro. Ele chama ao riso. Subverte, pois.
Sabe que o amor e suas constelações não são espetáculo para anglicanos. Nem para aqueles que não sabem rir de si próprios. Ele pressente — e a inegável inteligência de sua prosa o traduz — que os sentimentos, no limite, esbarram na comédia.
Ele desdramatiza o discurso sobre as paixões. Alimentada de liberdade, sem temer ir ao descontínuo, ao riso, à complexidade, mas inteligentíssima — insiste-se —, a prosa de ficção de Ramiro é uma dessas onde se reconhecem as várias faces da modernidade estética.”
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