Na internet, é possível achar a receita de um artefato explosivo que vá saciar a sede de vingança de um jovem desorientado pelo bullying dos colegas, o chifre da namorada, a traição dos pais ou a corrupção do governo.
Cada país tem seu tipo de jovem, seu tipo de família e seu tipo de bomba. E seus jovens desajustados com seu torto sentimento de justiça.
Lá nos Estados Unidos, jovens de classe média enfurnados em seus quartos, corroendo suas mágoas enquanto a mãe vai à ginástica, nem precisam sair de casa para ter acesso ao arsenal de armas da coleção particular dos pais.
Aqui, jovens pobres perdidos por ruas e favelas, expulsos do convívio doméstico pelos desajustes de famílias desestruturadas, buscam consolo e poder numa arma fornecida pelo tráfico.
Os de lá costumam matar em massa, numa escola, num cinema, na linha de chegada de uma maratona, numa grande, solitária e midiática resolução de seus sofrimentos.
Os de cá vão matando um pouco a cada dia, na favela, no centro, no bairro chique, na lida diária com um desespero silencioso que precisa de novas vítimas a cada esquina para ser saciado.
Por isso parece tão difícil ou cada vez mais insuficiente encontrá-los, combatê-los e puni-los.
A cada prisão ou morte de um, outros nascem, crescem e se desenvolvem. Na solidão dos quartos ou na solidão das ruas, dentro ou fora de suas famílias cada vez mais desestruturadas, prontas para explodir.
Com um sentimento de vingança que, tal como a internet, as facilidades e os apelos desse mundo, só aumenta.
Para os demais que deixam seus quartos escuros para correr ao sol, brincar, namorar, estudar, trabalhar, acreditar no governo e lutar por uma renda melhor e um país idem, resta ter cuidado.
Em cada esquina, em cada shopping, em cada escola, na linha de chegada de uma maratona.
Ricardo Malthus diz
Tolice, tolice, tolice. Uma cabeça oca falando sobre qualquer coisa que vem à cabeça só pra ser visto por um ou outro cabeça oca que irá balançar a cabeça e dizer: “veja só, esse blogueiro [de esquina] tem razão”.. Nada se pode levar por seu lado absolutamente bom ou ruim; uma bomba caseira tanto pode matar uma quantidade de pessoas inocentes dentro de um metrô, quanto pode ser usada no embate direto contra o autoritarismo e repressão do Estado. Nesse sentido, é mil vezes melhor PENSAR uma maneira de usar esses sentimentos ‘jovens’ contra a opressão dessa porcaria de sociedade cheia de cabeças ocas, ao invés de TAGARELAR como um velho blogueiro ranzinza, que chega à sua velhice dizendo: “ah, no meu tempo éramos mais “punidos” — e satisfeitos com nossa punição (abaixando a cabeça e indo de volta ao trabalho, ao sistema, à vida ordinária)”. E mais uma coisa: ainda é necessário colocar um ‘título isca’ pra atrair mais leitores — pra essa porcaria de texto.