A Folha de S. Paulo comemora o recorde de 252 milhões de páginas visitadas de sua versão eletrônica, em junho, com cerca de 17 milhões de usuários únicos, considerando a média de 15 páginas vistas por usuário. É praticamente o dobro de sua tiragem impressa, de quase 285 mil/dia, ou 8,5 milhões/mês.
O jornal, que oferecia um aperitivo das matérias exclusivas e remetia o interessado para áreas pagas, só cobra agora a partir de 40 textos exclusivos, incluindo colunas, certamente convencido de que há quem queira pagar por esse tipo de sobremesa – informação que julga exclusiva ou especial.
É uma redenção à evidência de que não adianta cobrar pelo que o internauta encontra de graça na grande feira livre da internet. Os outros dois maiores depois dela, O Estado de São Paulo e O Globo, já tinham aberto seus conteúdos – menos os exclusivos – acompanhando uma tendência que nos EUA, onde o ícone New York Times foi pioneiro e outros estão simplesmente eliminando suas edições impressas. Apelam, porém, no desespero de arrecadação, para a criação de plataformas mais atraentes e amigáveis, como as páginas de múltiplos recursos dos tablets.
Nessas edições digitais é que parece estar a última trincheira, a que se apegam como quem abraça um pacote de jornais cuspido da rotativa. São as únicas ainda fechadas, bem anunciadas e bem cobradas, na expectativa de que os nostálgicos por papel serão os últimos a pagar pela sensação virtual de virar páginas. O que tem algo de desesperado e contraditório, na medida em que apela a sentimentos estéticos para convencer a alguém que – se vai ao impresso – é por mais conteúdo e não beleza. E muito de inocência sobre se o internauta prefere clicar em simulacros ou navegar de graça.
No fundo fundo, parecem não querer acreditar no que nós nostálgicos do papel também tememos ouvir – sim, haverá um dia em que não haverá mais jornal como foi concebido e nos ajudou a entender o mundo como o conhecemos.
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