Janaína Paschoal, a coautora do pedido de impeachment que derrubou a presidente da República, é vulcânica. Daquele tipo que preenche um palco ou um vídeo inteiros com movimentos largos, olhos vivos e retórica de incendiar plateias.
Dir-se-ia performática, se não traduzisse profunda convicção no que diz.
Nada mais parecido do que uma petista dos bons tempos, como Heloísa Helena, Jandira Feghali, Benedita da Silva, Ideli Salvatti ou mesmo Dilma Rousseff. Aquele tipo batalhadora feroz que Lula, o líder espiritual dessas mulheres, diria que tem aquilo duro.
O problema é que ela está do outro lado da história e dizendo o que em outros tempos elas diriam.
Crime de responsabilidade
Veja o que ela disse ao site da BBC Brasil para esclarecer de vez o crime de responsabilidade que deu base ao pedido de impeachment, tomado por mulheres petistas e homens como Lula como golpe:
Ter responsabilidade implica em tomar providências para fazer a situação cessar e responsabilizar subalternos pelas irregularidades, mas a presidente simplesmente nega os fatos com relação a isso.
Todo esse pessoal que está preso ou esteve preso era próximo a ela. Ela era avisada de que as coisas não estavam bem. E o que ela fazia? Subia no palanque e dizia que era tudo armação, que era golpe, que era mentira, e que a Petrobras estava maravilhosa. Isso não é um comportamento condigno com o cargo de presidente.
As pessoas confundem corrupção com crime de responsabilidade. Em nenhum lugar eu escrevi que a presidente pegou dinheiro para ela. O que eu escrevi é que ela não tomou as providências inerentes ao cargo. Disseram que Edinho Silva fez negociações e abrem um inquérito. Ela põe o homem como ministro (da Secretaria de Comunicação Social). Lula está sendo investigado, e ela põe o homem como ministro.
Nestor Cerveró foi ela quem indicou e todo mundo sabe que ele operava tudo aquilo ali. Paulo Roberto Costa foi até no casamento da filha dela, e, apesar de todos os indícios vindo à tona, ela seguia negando e não afastava as pessoas.
Crime de responsabilidade não está ligado necessariamente a pegar dinheiro para si. Ela tem responsabilidade de zelar pela gestão, pela coisa pública, e afastar quem está sendo investigado, ou quando já há elementos suficientes, mudar diretores. Ela não fez nada disso. Não é negligência, é dolo mesmo. Houve intenção. Ela se omitiu dolosamente. Ela sabia, e o senador Delcídio do Amaral acabou de falar na delação premiada que ela sabia.
Daí que vem sendo demonizada desde o vídeo que a colheu dando asas a sua ira num palanque a favor do impeachment, em São Paulo, em abril.
Discurso lúcido
Seu estilo meio Janis Joplin e meio pastor evangélico, com toda a carga de preconceito que cerca essas duas figuras, passou a ser incorporado a sua personalidade por seus detratores desde que transpôs sua ira para a mesa das comissões especiais do impeachment, na Câmara dos Deputados e no Senado.
— Estava possuída pela “macaca”. Santa Periquita do Brejo Seco! — disse o senador Roberto Requião.
Mais sofisticado, embora com o mesmo tipo de preconceito, o filósofo Vladimir Safatle se referiu em artigo na Folha de S. Paulo aos autores do pedido de impeachment em que ela está incluída como:
… advogados que não temem em mobilizar discursos “evangelo-fascistas” por serem construídos a partir de um amálgama de paranoia de perseguição, promessas de redenção religiosa e de aniquilação de inimigos internos comparados a animais nocivos e peçonhentos. Essa retórica é velha conhecida dos momentos sombrios da história.
Mais sofisticada que as petistas de palanque, à guisa de combater estereótipos contra as mulheres, a filósofa Márcia Tiburi escreveu em seu blog:
O problema de seu discurso (de Janaína) é que ele foi fascista. O conteúdo era de ódio. Era um discurso bastante pobre, carente de ideias. Na ausência do que dizer em termos políticos, as palavras de ódio vieram à tona, mas eram também fracas, pouco expressivas. O apelo à expressão, na falta de argumentos, gera esse tipo de caricatura política. Era preciso gritar, como quando alguém que não conhece uma língua na qual deveria se comunicar, começa a falar alto.
O problema para todos eles é que seu discurso é lúcido.
Autora de um livro de peso sobre o que defende — Ingerência Indevida – Os Crimes Comissivos por Omissão e o Controle pela Punição do Não Fazer — e indignada desde os cargos por onde passou, em governos do PSDB ou do PT, demonstra de que lado está o preconceito, o primado da aparência sobre o conteúdo que deveria estar longe da cátedra e do discurso político.
A verdade é que o petista não tem liberdade de pensamento. Para eles Lula é Deus. É intocável e está acima da lei. Eles acreditam que, pela história dele, ele pode tudo, e infelizmente ele também acreditou nisso, e a presidente também.
valdir diz
A Janaína pode até ser um pouco desequilibrada , porém ela não disse uma inverdade. A Dilma sabia de todas falhas fiscais e crimes cometidos pelo planalto.. Durante estes anos de governo petista, uma coisa ficou bem clara:
ONDE O PT COLOCA O DEDO…… APODRECE
Flávio Augusto diz
Daniel, curioso seu argumento. Então a luta de Janaína não é ideológica, pois não existe ideologia “coxinha”… Entendo. Penso o quanto é maravilhoso quando vocês – socialistas, comunistas, progressistas… qual a maneira mais adequada de chamá-los? – abrem a boca para discutir qualquer assunto. Conhece aquela frase: “não precisa marcar aquele jogador, ele é tão ruim que a própria natureza marca”? Então. É assim quando os petistas resolvem conjecturar sobre qualquer assunto. Não saí nada que presta. Para vocês, só existe uma ideologia: o estado-babá. Qualquer outra é falta de conhecimento, ignorância do sujeito, coisa de “coxinha”. Lula é Deus, Dilma é Maria e José Dirceu o Espírito Santo. Amém!
DANIEL diz
Não há comparação. A luta dela não é ideológica. Não existe ideologia “coxinha”. A intenção dela é apenas retirar o PT do poder sem usar as vias democráticas onde são eternos perdedores. É simples golpe político partidário.
Edilson Mendes Guimaraes diz
O PT congrega vários tipos de bandidos, assim como os outros partidos, que não são investigado pela força do poder econômico, da mídia e das oligarquias. Mas essa desequilibrada passaria longe do PT, pois coisa que não existe lá são golpistas.
julieder oliveira diz
Sr. RAMIRO BATISTA,
sua leitura já está enviesada da mesma forma que os citados por vossa pessoa em seu texto. Como jornalista o sr. deveria poupar seus leitores de tamanha leitura posicional e direcional; tente ser um pouco mais imparcial ou como preza um bom discurso jornalístico discreto nas análises.
Silvio Ferreira diz
Psicopata fascista em grau máximo. Competente na citação jurídica e pobre na contextualização. Agradece os coautores e reclama o processo como seu próprio. Ressentida e egoísta com um falso ufanismo e mais falso ainda seu sentimento “humanitário” a favor das criancinhas do Brasil. Pega na mentira pelo Senador Randolfe a 1h do dia 29. Kekeke.
auristella diz
O problema da Janaína é que fica chato debater questões de cunho político- quando comparadas às outras mulheres citadas. O problema é que o caso dela é mais que ideológico, é clínico.
Thiago Lobato diz
Parei de ler no “derrubOU a Presidente” (linha 1)… tsc tsc… é cada blogueiro q meldels… e o pior é que se ele vier a ler meu comentário, ainda achará que está certo… a sociedade brasileira em geral está altamente doente!