Os irmãos Bob e Harvey Weinstein estiveram à frente da produção e divulgação de alguns dos mais bem sucedidos filmes em território americano, nos últimos 25 anos. Pegaram no final dos anos 80 a onda dos filmes independentes, aqueles de pretensão mais artística que comercial, e deram a eles prestígio de superprodução.
Apenas nos cinco primeiros anos, entre 1989 e 94, lançaram em território americano Steven Sorderbergh (Sexo, Mentiras e Videoteipe), Pedro Almodóvar (Ata-me!) e nada menos que Quentin Tarantino (Pulp Fiction).
Com o tempo, na produtora Miramax que venderam para a Disney ou na própria Weinstein Company, foram investindo em escala crescente em boas produções americanas, como O Paciente Inglês (1986), O Franco Atirador (1997) e Shakespeare Apaixonado (1998), até chegarem a superproduções de Holywood como Gangues de Nova York (2002), O Aviador (2004) e a trilogia O Senhor dos Anéis (2001/02/03).
Sem nunca deixarem de cultivar a marca de produtores preocupados com produções de pretensões, digamos, intelectuais. Volta e meia, investem em alguma ousadia fora dos padrões, até sob o risco de prejuízo, como o totalmente mudo e em p&b O Artista (2011) e, agora, nesse pesado e intenso Álbum de Família (alusão forçada da tradução brasileira à peça de Nelson Rodrigues), certamente que candidato a vários Oscars.
Adaptação da peça de Tracy Letts, August: Osage County, flagra um agosto modorrento de calor infernal numa propriedade rural de Oklahoma, em que três filhas chegam com seus maridos ou noivos com seus traumas conjugais a um ambiente já por demais traumático: o suicídio do pai e a loucura da mãe, uma doente terminal de câncer viciada em remédios, agressiva a ponto de maltratar até a sombra para tirar a limpo todas as suas desgraças.
Como não jogam dinheiro fora, porém, os produtores reuniram um elenco que vende ingresso como tomate na feira, puxado por Meryl Streep e Júlia Roberts à frente de Chris Cooper, Sam Shepard, Ewan McGregor, Juliette Lewis e Julianne Nicholson, entre outros. Todos extraordinários, de cara limpa, arrasados, trágicos.
Como não conseguem controlar tudo, porém, certamente que não pediram ao diretor John Wells que contivesse os excessos de Meryl Streep, a única nota dissonante. Essa moça que colocou enchimento nos seios para enganar um diretor e é capaz de expor todas as rugas para dar credibilidade a um papel, se mexe e gesticula atabalhoadamente, numa loucura mais gráfica que de conteúdo.
Ainda bem que escalaram Júlia Roberts, talvez pensando que não precisariam pedir ou fazer nada para que ela não roubasse o filme. Outro dos tantos acertos dessa dupla que quase nunca erra.
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