No mês em que o governo mandou para o Congresso o primeiro Orçamento com déficit e os ministros da Fazenda e do Planejamento, Joaquim Levy e Nelson Barbosa, admitiram um rombo de R$ 117 bilhões na Previdência e o quase colapso da dívida pública, aos 63% do PIB, recolhi três opiniões arrasadoras publicadas na última semana sobre o fracasso do modelo adotado nos governos petistas.
De O Estado de S. Paulo, em editorial:
“Às voltas com uma gravíssima crise político-econômica, que ajudou a criar e a que tem respondido de forma errática e descoordenada; vivendo a corrosão vertiginosa de seu apoio popular e parlamentar, a que se soma o desmantelamento ético do PT e dos partidos que lhe prestaram apoio, a administração Dilma Rousseff está por um fio.
A presidente abusou do direito de errar. Em menos de dez meses de segundo mandato, perdeu a credibilidade e esgotou as reservas de paciência que a sociedade lhe tinha a conferir. Precisa, agora, demonstrar que ainda tem capacidade política de apresentar rumos para o país no tempo que lhe resta de governo.
Trata-se de reconhecer as alarmantes dimensões da atual crise e, sem hesitação, responder às emergências produzidas acima de tudo pela irresponsabilidade generalizada que se verificou nos últimos anos.
Medidas extremas precisam ser tomadas. Impõe-se que a presidente as leve quanto antes ao Congresso — e a este, que abandone a provocação e a chantagem em prol da estabilidade econômica e social.
Também dos parlamentares depende o fim desta aflição; deputados e senadores não podem se eximir de suas responsabilidades, muito menos imaginar que serão preservados caso o país sucumba.”
Do deputado Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), em entrevista às páginas amarelas de Veja:
“Eu acho que a gente deveria evitar o impeachment, que é uma coisa traumática. Ela deve sair pelo caos que o país está, e foi ela que o levou. O país ainda não chegou ao fundo do poço, mas vai chegar. E vai chegar porque os pressupostos da economia estão todos desajustados, com perspectiva de inflação alta, desemprego e redução de salários. E haverá um aperto geral que vai ser maior ainda. Então isso tudo leva a um caminho para a gente forçá-la a renunciar. A Dilma não tem formação para isso, foi guerrilheira e não quer abrir mão. Mas ela vai chegar a um ponto de pressão popular e de dentro do próprio governo que não vai ter saída. E o Cunha não pode nunca presidir esse impeachment, até porque ele é suspeito em relação a ela, já que assumiu uma bandeira de oposição e está envolvido em corrupção. O lugar de se explicar sobre isso não é da tribuna da Câmara. É no tribunal.”
Da economista Monica de Boile, PhD pela London School of Economics, com passagem pelo FMI, em entrevista ao Financista:
“Tivemos um experimento absolutamente fracassado de populismo econômico, que não deu certo, e as pessoas não estão sabendo o que fazer com isso. E a gente tem, ao mesmo tempo, um debate completamente primitivo no Brasil com certos grupos, economistas e formadores de opinião, colocando na imprensa opiniões deturpadas a respeito do que se deveria estar pensando e do que se deveria estar fazendo no Brasil.”
Deixe um comentário