Duas experiências, duas lições:
1. Nos meus quase quarenta anos de relação com política e aprendizado de estratégias políticas, nunca vi em nossa cultura política líder bem sucedido optar preferencialmente pelo enfrentamento.
Como fazem os governos petistas, como faz Dilma agora com o vice Michel Temer. Ela o constrangeu publicamente num discurso em que deixou insinuada a possibilidade de sua traição e vem agora com esse vazamento maluco da carta secreta que ele a enviou.
É do DNA do partido partir para o ataque como tática de defesa, possivelmente na certeza de que funciona. Podem ser novos tempos, nova abordagem, nova teoria política, mas não sei bem se se pode chamar de “funciona” o caos que acabou instalando.
E nem que esteja dando certo um jogo em que vem perdendo todas, a começar pela eleição ontem da chapa de oposição — com 39 deputados — para a Comissão Especial do Impeachment.
Se enfrentar fosse bom, seu algoz Eduardo Cunha não estaria conseguindo o que quer, conciliando os interesses de todo mundo dentro da Câmara.
2. Minha experiência de Brasil e de quase 40 anos de serviço público também indica que pode estar também equivocada a estratégia do governo e do PT de defender que se acelere o processo de impeachment para aproveitar a desmobilização de fim de ano.
Desde que comecei a entender como as coisas funcionam, percebo que protelar para ganhar tempo é a melhor forma neste país de não se resolver nada. É preciso tempo para cansar/desgastar todo mundo e virar piada.
Se apressar fosse bom, Eduardo Cunha não estaria protelando a análise de sua cassação no Conselho de Ética.
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