Quando o aliado Antônio Anastasia deixou passar sem dificuldade na comissão que preside no Senado, a de Comissão de Constituição e Justiça, a PEC das Diretas até o terceiro ano de mandato, desconfiei que só pode ter dedo do governo.
É mais uma, e de rara eficiência, das jogadas de sua tropa de choque para protelar a substituição de Michel Temer por conta das gravações cataclísmicas de Joesley Batista.
Na melhor das hipóteses, queimados todos os prazos, a proposta levaria pelo menos uns seis meses só para aprovação no Senado e na Câmara, com 3/5 dos votos.
Mais três meses para preparação pelo TSE e ultrapassaria o prazo constitucional de 1 ano anterior ao fim do mandato presidencial, que termina em 31 de dezembro de 2018.
Que a oposição caia numa bobagem dessas, é típico da ingenuidade da bancada festiva formada no Senado por Lindbergh Farias, Gleisi Hoffman e Vanessa Grazziotin, que não mede muito as consequencias para criar fatos. Mesmo a custo de levar água para o moinho do governo.
As eleições diretas não interessam agora nem mesmo ao próprio Lula, em tese grande beneficiário da campanha que tocam seus aliados no Congresso e nas ruas. Ele já teria dito isso a correligionários no Instituto Lula. Seu pior momento com a Justiça é também o seu pior momento eleitoral, sem qualquer perspectiva de arrastar a classe média além dos 30% que as pesquisas lhe dão.
Se deixa a campanha andar é porque em parte não domina certos setores radicais do PT ou de outra parte gosta do marketing do “medo do Lula”, que justifica muita coisa, inclusive as sentenças de Sergio Moro que estão por vir.
A campanha só se justificaria numa hipótese de que a candidatura pudesse lhe dar foro privilegiado enquanto candidato, mas, quando e se ela vier, pode ser muito tarde.
À bancada mais pragmática do partido no Congresso, certamente também influenciada por Lula, interessa mesmo é que Temer vá sangrando até 2018. E, na hipótese de uma eleição indireta cada vez mais hipotética, se enfie em sua regulamentação uma emenda para dar foro privilegiado a ex-presidentes.
Hormônios nas redes sociais
Chupa essa manga. Depois de Danilo Gentili rasgar e enfiar na cueca a notificação da deputada Maria do Rosário, a respeitada comediante americana Kathy Griffin posou com uma cabeça cortada e ensanguentada de Donald Trump.
De tal mau gosto e grosseria que não me arrisco a publicar.
Tem algum veneno exacerbando os hormônios nas redes sociais que não é coisa só de maluco isolado, mas de celebridades com alguma obrigação de cuidado com o que faz.
Que tempos.
Campanha
A coluna Radar, de Veja, diz que Michel Temer ganha com o recuo, mais um de sua vasta carreira de recuos, no fim do imposto sindical que prometeu às centrais sindicais reeditar em Medida Provisória logo após a aprovação da reforma trabalhista.
Diz o jornalista Maurício Lima que ele “deixa de ter nas ruas contra ele uma categoria de significativo poder e mobilização”.
Não sei de onde tirou que essa turma cumpre acordo e que vai poupar Temer logo agora que está mobilizada numa campanha por Diretas já.
Mais certo seria dizer que o presidente não conhece a capacidade dessas lideranças de se fazerem de cordeiros — por curto prazo — quando interessa.
Ramiro Batista diz
Erro meu, feio. Corrigido, obrigado pela correção.
João diz
Parei de ler o texto na primeira linha e não tive animo para terminar. Anastásia é Senador e preside a comissão no Senado.
Cristiano Marques diz
Não entendi bem a manobra do governo nesta PEC das Diretas.
Se elas não vierem por questão de prazo, a eleição indireta está aí.