Aos 24 anos, Raiam Santos estava numa encruzilhada.
Tinha deixado um emprego de 10 mil dólares em Wall Street, queimados com vida boa e mulherada em Manhattan, e estava de volta ao Brasil, de onde tentara fugir desde sempre.
Aos 14, era pobre e negro na favela de Vila da Penha no Rio de Janeiro, filho de um piloto da Varig, quando decidiu que iria para os Estados Unidos de qualquer jeito.
Queria ser e ter referências de negros bem sucedidos, que via no cinema e na TV americanos.
Não viver num país em que o único negro que via como referência de sucesso era o Jacaré do grupo de pagode É o Tchan, como disse numa entrevista memorável ao programa Pânico, da Jovem Pan.
Aprendeu a dançar pagode, mas antes que adentrasse por esse ramo, foi fazer intercâmbio na Califórnia.
Vocação de atleta e de nerd, se destacou no time de futebol americano da escola pública e nas salas de aula.
Que lhe garantiu uma bolsa para a Universidade da Pensylvania, onde se formou em três faculdades, Letras, Relações Internacionais e Economia.
E deu em Wall Street, numa carreira de analista de investimentos no Brasil e na demissão quando a economia brasileira começou a fazer água, por volta de 2013.
De volta, trabalhou em bicos de comentarista de futebol americano, até no Sport TV, e caiu numa depressão de que só saiu com o primeiro livro da sua vida.
Sempre quis viver como escritor, mas, como maioria do ramo no Brasil, sabia que era ilusão ganhar dinheiro com a atividade no país.
Em termos, porém. Com a vocação para Letras, o faro para Economia e a visão de mundo da Relações Internacionais, foi pesquisar o que funcionava.
Leu meses de biografias para entender o que fez a diferença na vida das personalidades mais bem sucedidas em todos os tempos.
O resultado, depois de meses de leitura, tratamento psicológico e luta contra a vontade recorrente de parar, foi Hackeando Tudo – 90 Hábitos para Mudar uma Geração”.
O ebook de dicas valiosas para corpo, mente e bolso saudáveis, para se ler numa tarde, entrou desde o início na lista de best-sellers da Amazon Brasil, onde está desde então.
E dele para outros dois livros e uma carreira nas redes sociais que o projetou como consultor de cursos de até R$ 2,5 mil a inscrição, renda de mais de R$ 5 milhões anuais só no Instagram e um grupo de Mastermind como o do Érico, que custa R$ 40 mil por vaga.
Tinha passado por 83 países até 2019, como parte do trabalho que passa também por prospecção de relacionamentos.
Com uma mala de oito peças de roupa e laptop, que lhe permite saltar de Paris para Ucrânia, sem complicações, está estacionado agora na Rússia.
Onde posta vídeos sem camisa, para vender o que aprendeu na porrada.
Que pode ser possível ter dinheiro, sucesso e relacionamentos, desde que se faça as escolhas certas.
Como o caso de Érico, quando na encruzilhada e na lama, era escrever ou escrever.
Mas não escrever o que queria, fazer elucubrações mentais de pretensões literárias como tenta a maioria dos fracassados candidatos a escritor.
Mas escrever o que interessava a quem estava do outro lado da tela de suas redes sociais de 1,2 milhão de seguidores até o ano passado.
E depois, como continua sendo, dedicar a escrever a copy perfeita, primeira das condições para ter o sucesso que alcançou na internet.
Conclusão: escrever o que importa
O que, tudo somado, significa que o que publiquei no meu artigo O que aprender sobre escrever com três milionários do marketing digital, que reproduzo aqui:
1. Escrever dá dinheiro, desde que você escreva para a mensagem certa para resolver um problema objetivo de um público certo.
2. Escrever dá dinheiro se você utilizar as técnicas certas para atrair, conectar e convencer.
3. Escrever dá dinheiro se você utilizar a escrita como meio para atingir objetivos e não como fim de um produto artístico.
E os três maiores erros dos escritores de minha geração foram:
1. Pensar que apenas escrever livros era suficiente para fazer sucesso e fortuna.
2. Achar que as elaborações filosóficas da literatura sobre o sentido da existência eram mais importantes que atender a uma necessidade concreta do leitor.
3. Não utilizar a escrita para prospectar pessoas e ajudar a conduzi-las a seus resultados.
Foi não ver, em resumo, que a escrita era um meio, não um fim.
Como já escrevi em mais um artigo aqui, saber escrever meu deu tudo o que eu tenho, autoridade, carreira bem sucedida e bons salários em meus empregos.
Foi um meio, não o fim.
Publiquei livros, que não me deram fortuna, mas autoridade e respeito profissional, mas não consegui transpor meu sucesso profissional para o sucesso como escritor.
Queria o fim, não o meio. Ainda bem que procurei conciliar as duas coisas e não ficar esperando viver de literatura.
Só de um meses para cá, que opero para mudar meus paradigmas. O que faço mirando os exemplos de Raiam, Érico Rocha e Neil Patel, os três personagens do artigo acima.
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