Por-ra-da. A melhor contestação ao editorial da Folha de S. Paulo do sábado passado, Nem Dilma e Nem Temer, vai nesse excelente artigo de Demétrio Magnoli, publicado com destaque neste sábado, diga-se, pelo próprio jornal.
O doutor em Geografia Humana diz que o jornal oscila entre rejeitar a comprovação jurídica dos maus feitos da presidente para descaracterizar o respaldo político e negar o respaldo político por falta de provas das implicações jurídicas.
— As críticas do editorial à solução do impeachment oscilam pendularmente entre os registros da política e do direito. As “pedaladas fiscais”, razão jurídica perfeita para o impedimento, não preenchem o requisito político “numa cultura orçamentária ainda permissiva”. Os múltiplos “indícios de má conduta”, razão política irrefutável para a deposição constitucional, não preenchem o requisito jurídico pois “falta comprovação cabal”. A equação argumentativa da Folha foi formulada por um matemático decidido de antemão a rejeitar a alternativa do impeachment.
Essa equação que rejeita o impeachment transfere para a decisão para o arbítrio de uma só pessoa, a presidente, e a chantagem de uma minoria:
— A raiz da posição do jornal encontra-se sorrateiramente explicitada em outro lugar: o impeachment deixaria “um rastro de ressentimento”, pois “mesmo desmoralizado, o PT tem respaldo de uma minoria expressiva”. Tradução: a maioria da sociedade deve ceder à chantagem minoritária do “povo organizado”, aceitando um “novo normal” formado por violações jurídicas de baixo impacto político e crimes políticos ainda carentes de veredito jurídico. Mas, como é deselegante dizer isso, o editorial maquia suas manchas com o corretivo cremoso da inócua solicitação de renúncia ao mandato presidencial.
Como a proposta é utópica, pois Dilma jamais renunciará, diz:
– Se o jornal quer mesmo que o povo decida, tem o dever de apoiar o impeachment –para, em seguida, solicitar a renúncia de Temer.
Deixe um comentário