Jô Soares é um animador de auditório que gosta de dizer que é jornalista, como fez na entrevista à Folha de S. Paulo para dar alguma legitimidade à entrevista festiva que fez com a presidente Dilma Rousseff.
Seu comportamento, à exceção da tribuna incisiva que montou na época do mensalão, foi sempre a do animador do tipo Faustão que está ali mais para exaltar do que questionar. Nada menos jornalista do que isso.
Sua entrevista com Dilma envergonharia qualquer estagiário. Sem uma só citação às palavras do noticiário em que a presidente está envolvida – corrupção, petrolão e escândalo -, atuou como o que nos programas de humor se chama de “escada”, o coadjuvante que segura a própria ou levanta a bola para o protagonista arrematar.
(Comediante dos bons, sempre apoiado em um deles nos bons tempos do Viva o Gordo, deve supervalorizar o papel deles.)
Olha o primor com que segura o pedestal para ela fazer a defesa de sua posição na Petrobras, passando por cima de todo o resto que ela omitiu e da demora que levou para tomar providências:
– Presidente, a gente não falou ainda, mas é fundamental que a gente fale. Em 2012 você mudou o comando da Petrobras. É que você já pressentia que havia algo de podre no reino do petróleo?
Foi um conversa de comadres, de um animador bajulatório como qualquer outro, mas, de jornalista, não.
Por outro lado, os jornalistas em atividade, em sua maioria, não se queixaram porque, em linha inversa, andam fazendo papel de animadores de auditório.
Nunca o jornalismo esteve tão perto do entretenimento, com o destaque excessivo para as celebridades de papel e, salvo a Veja com seus exageros, pouco questionamento cara a cara. Um tipo de jornalismo que seria muito bem feito por um, digamos, Jô Soares.
Coube outra vez às redes sociais fazer o contraponto.
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