Márcio Lacerda e Patrus Ananias estão mais velhos e mais feios. O massacre do tempo fez estragos em seus rostos cansados. Em certas fotos, parecem sem dentes.
Devidamente photoshopados , porém, maquiados para a pose do retrato de campanha, estão mais bonitos e joviais.
Para quem como eu decide o voto levando em conta critérios estéticos, é uma escolha difícil.
Os jovens que estão começando a votar poderão se horrorizar, mas não recomendo que me tomem como referência para nada.
É que anos de janela diante das disputas políticas, da infinita capacidade dos políticos de dissimularem suas intenções ou se moldarem às circunstâncias, me ensinaram que em geral chegam à reta final das campanhas eleitorais absolutamente parecidos.
Nos Estados Unidos, republicanos vão ficando liberais e os democratas mais rígidos com os gastos públicos. No Brasil, onde a disputa tem se dado entre desenvolvimentismo e ação social, construir o bolo ou repartir o bolo, os candidatos acabam misturando as bolas: quem é conservador e gosta de obras diz que vai “investir no social” e quem é socializante procura dizer que vai também fazer “as obras que são necessárias para destravar o crescimento”.
No nível pessoal, candidatos tidos como de elite como José Serra, em São Paulo, arregaçam as mangas e vão para a periferia. Candidatos populares como Celso Russomano – ou Lula no passado – vestem gravatas e vão fazer proselitismo nos bairros chiques.
É mais ou menos o que separa e iguala aqui nossos dois candidatos.
Não há diferença significativa entre os dois sobre o passado de militância e alianças e nenhuma sobre o que pretendem no futuro que me atraia mais do que a cor da gravata de ambos. Estamos de acordo que ambos vão melhorar a saúde, ampliar vagas na educação, continuar as obras essenciais para desafogar o trânsito.
E, pela minha experiência, que mais importa, desconfio que serão absolutamente iguais no que realmente importa para a saúde da máquina pública, quando sentarem em suas cadeiras:
1. Vão contratar os amigos que participaram de suas campanhas.
2. Vão escolher em licitação rigorosa a agência de publicidade que hoje faz suas campanhas.
3. Vão dar as obras, também em licitações rigorosas, a seus patrocinadores de campanha.
4. Vão fazer alianças até com o diabo.
Portanto, velhos e velhas, mirem nas gravatas. Jovens, continuem insistindo.