Publicitário revolucionou o marketing político depois da redemocratização, fez seguidores na arte de mascarar a realidade e as contas de campanha
Duda Mendonça, morto precocemente hoje aos 77, acabou se notabilizando como um bruxo capaz de transformar sapos em príncipes e eleger postes.
Revolucionário da publicidade política na aurora da redemocratização, mandou Maluf substituir os óculos de fundo de garrafa, os ternos escuros e o nariz empinado que agravavam sua fama de político mais arrogante e odiado do Brasil.
Elegeu Maluf prefeito de São Paulo, depois o poste Celso Pitta com discurso de negritude, fiasco administrativo absoluto, e depois fez do próprio sapo barbudo (na expressão de Brizola) o príncipe das eleições de 2002.
Deu uma virada na campanha amadora de Lula na TV, que reforçava o estigma de operário grevista que assustava a zelite. Deu-lhe ternos bem cortados, barba e cabelo aparados, dentes melhores do que os do Fernando Henrique Cardoso.
Para dar-lhe um carcaça de administrador que nunca foi, colocou-o circulando entre mesas de um grande escritório, como se fosse o CEO de uma multinacional, coordenando uma equipe de técnicos de alto nível.
Criou o “Lulinha Paz e Amor” e a Carta ao Povo Brasileiro, de credo capitalista e compromisso de continuidade da política liberal do ministro da Fazenda de FHC, Pedro Malan, para desidratar o que restava de medo dos empresários à hipótese de um governo operário socialista.
Depois, dançou a música de todo grande publicitário brasileiro, de ajudar a camuflar as contas de caixa dois das campanhas eleitorais. Guru do também baiano João Santana, de quem se dizia se diferenciar por mais frio, cerebral e impiedoso.
Apareceu de improviso na CPI do Mensalão para confessar o crime que poderia ter cassado o registro do PT, de ter sido pago com dinheiro no exterior.
Voltou a camuflar dinheiro para o PMDB nas eleições de 2014 e virou réu colaborador do petrolão.
No fim da vida, andou filosofando que o grande arrependimento de criadores como ele era usar os dotes que Deus lhe deu para trabalhar para políticos que o decepcionavam depois.
Que devem ter sido quase todos.
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