Dois livros que devem ser muitos bons de ler – contra e a favor Deus, respectivamente – estão chegando às livrarias, segundo o belo texto de Antônio Gonçalves Filho, A Devota e o Ateu, no Estadão.
Hitch-22 é a autobiografia do inglês naturalizado norte-americano Christopher Hitchens, um dos mais famosos ateístas contemporâneos, autor de Deus Não É Grande, que vendeu mais de 300 mil exemplares. “O que pode ser afirmado sem evidência também pode ser rejeitado sem evidência” é sua máxima mais recente, produzida numa entrevista de novembro último.
Defensor como outro ateísta famoso (Sam Harris) de que a tolerância religiosa está nos levando para o abismo, ele “defendeu a guerra contra o Iraque, inventou o termo islamofascismo e arrasou com a reputação de madre Teresa de Calcutá, acusando-a de bajuladora de fascistas e de estar a serviço dos poderosos”, segundo o texto do Estadão.
Em Defesa de Deus, da ex-freira Karen Armstrong, vê um certo fundamentalismo nas teses dos atuais ateístas, por incapazes de conviver com as diferenças. O ateísmo, segundo ela, “sempre é a rejeição de uma forma específica de teísmo e depende dela como um parasita”. Apela: a racionalidade científica de Hitchens pode até explicar o câncer que ele sofre (a metástase de fumante inveterado chegou ao pulmão), mas não aplaca seu pavor.
Interessada nos rituais religiosos primitivos, defende que a religião é uma disciplina prática que depende de exercícios espirituais e dedicação. É como música. Como escreve Antônio Gonçalves Filho, “não se pode explicar, mas se ouve com prazer e, de quebra, ela ainda opera milagres como acalmar bebês, fazer crescer as flores e curar algumas doenças”.
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