Os governos Lula e Dilma têm mesmo mais interesse em investigar e punir corruptos que seus antecessores?
1. É impensável que prisões históricas dos empreiteiros envolvidos na farra da Petrobras fossem feitas no governo FHC. Até então, os costumes políticos não levavam, de fato, ricos para a cadeia. Era da natureza do sistema político mais conversa, mais arranjo e mais evocação do mito do brasileiro cordial para varrer sujeira para debaixo do tapete.
2. A festa de prisões no andar de cima, seguidas das pirotecnias das operações de nome bonito da PF, para o mal e mais para o bem, começaram com a nova geração de policiais novos contratados por concurso no governo Lula. É uma gente que chegou com suas fantasias adolescentes de mudar o mundo, como ocorreu e mudou em outras áreas: Receita, Polícia Civil e Ministério Públicos nos estados.
3. Lula e Dilma têm o mérito de deixarem a turma correr mais solta do que os outros governos, mas menos por quererem do que por não terem controle. Não seguram os policiais lá na ponta da investigação e nem juízes lá em Santa Catarina, como Sérgio Moro, que abriu para a imprensa a gravação do depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa.
4. Quando puderam e podem, seus governos contribuíram e contribuem para controlar. A CPI da Petrobras no Congresso é pífia. Boicotada por sua base aliada, anda há oito meses sem apurar nada e expor ninguém relevante, apesar de tantas evidências cabeludas.
5. O ímpeto de apoio à PF por seus governos veio se arrefecendo desde o mensalão. Queixas e denúncias dos movimentos de greve dos policiais vinham indicando que baixou a boa vontade para ampliar recursos e salários desde então. Não à toa veio dela muitos dos vazamentos que ajudaram a campanha do tucano Aécio Neves.
6. Em favor dos dois, se diga que os deputados e senadores da base aliada e grossa parte dos parlamentares têm mais poder e interesse que eles em barrar as investigações. Estão entre os parlamentares os maiores amigos dos empreiteiros e beneficiários das doações ilegais. É em cima deles que a casa vai cair.
7. O governo Dilma pode muito bem faturar as prisões como obra de seu governo, porque é nele que se começou a rever os contratos suspeitos e a dar poderes a uma funcionária de carreira no topo. Mas, estando no palanque, não pode acusar a oposição de também fazer terceiro turno eleitoral do episódio.
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