Quando as imagens humilhantes do ex governador Garotinho se debatendo com os policiais na ambulância reapareceram no jornal da tarde, os convivas do restaurante em que eu estava em São Paulo foram ao delírio.
– Chora, Garotinho!
A mesma expressão levou abaixo a plateia do teatro, à noite, na sessão de improviso de Dan Stubalbach com o público em Morte Acidental de um Anarquista, por acaso uma peça sobre escândalos.
Me ocorreu o delírio diante da degola de Maria Antonieta, a fúria no linchamento físico e público do ex-ditador da Líbia Muammar Kadafi, em 2011, e o certo prazer que experimentamos ao ver, por exemplo, as fotos do também ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, de cabeça raspada e uniforme de presidiário nas capas de sites e revistas.
É possível que não tenhamos vivido semelhante desejo coletivo de vingança, que é péssimo para os costumes políticos. Mas é certo também que nunca assistimos a descalabros de tal tamanho.
É também inédita a situação estapafúrdia a que chegou o Rio de Janeiro e não menos até então desconhecidos os métodos de seus ex governadores para contribuir com ela.
Encurralados, os traficantes costumam dizer em seu código de boa vizinhança com a polícia: “prende mas não esculacha”. Nossos costumes políticos estão precisando aprender os mesmos códigos, mas a realidade que anda nos inspirando vingança atrás de vingança não tem ajudado.
Como se, já que o voto não resolve, vamos rir.
jfer diz
Corrigindo “isenção”.
jfer diz
Acho que a imprensa tem uma grande parcela de culpa nestes episódios. Ela direciona todos os esforços para culpar alguém (nem sempre culpado), ou inocentar alguém (nem sempre inocente), trazendo a discórdia e a animosidade entre as pessoas. Jogou e joga, através de editoriais, manchetes, programas jornalísticos, uns contra os outros. Em nada contribui para esclarecer, tirar dúvidas, educar ou simplesmente noticiar, com insenção e sensatez. Vive da desgraça, do espetaculoso, da tragédia.
Adauto diz
Esculacho é o que fazem com o povo. Mereciam é cadafalso e esquartejamento, à moda de Tiradentes. O Povo não aguenta mais, mesmo os mais voluntariosos e desinformados que se faça com eles o que tem sido feito.
Tutameia diz
escarnio e esculacho é o que o políticos fazem com o povo desde a descoberta do Brasil…
jonas antonio vieira diz
Se somos iguais perante Deus e às leis, aguardemos o que será feito no quesito Lula. O ex-presidente que governava com uma mão com quatro dedos e com a outra com cinco dedos comandava o maior escândalo bilionário do País.Na esperteza que lhe é peculiar, tenta se defender dizendo-se não ser amigo de nenhum dos subordinados e empreiteros . Se diz não ser dono de nada , nem talvez dos vinhos encontrados no sítio. Na maior cara de pau , pede a prisão do Juiz , um dos mais competentes servidores da nação , e que está prestando um serviço que muitos ministros do STF não teria coragem de fazê-lo , talvez pelos favores devidos ao ex-chefe.
Observador dos agentes imperialistas diz
Será que a imprensa ainda não parou para fazer o MEA CULPA em toda essa conjuntura? Pelo que vejo, 2/3 da população brasileira se deixou levar pelos arroubos da direita ligada à imprensa, principalmente os televisivos. Morri de rir do comentário em que diz sobre o Caco Barcelos representar a imprensa livre. Por acaso, a Grande Rede Platinada deixaria algum repórter seu ser independente?
Cristiano Marques diz
Esculacho, escárnio, ópera-bufa, tragicomédia, isto tudo faz parte do nosso cotidiano mas, lamentável mesmo, foi a agressão sofrida por Caco Barcelos que, antes de ser um repórter de respeito, representa a imprensa livre.
O país caminha a passos largos para a frente mas, os Sem-Noção Futebol Clube, nos atrasam e muito.
valdir diz
Caro articulista, essa sua constatação, perceptível a qualquer um, somente nos revela absolutamente incoerentes, convenientes e adoradores de justiceiros; portanto imorais. Não fosse assim e estaríamos a exigir que fosse dispensado o mesmo tratamento para os que desmandaram e se locupletaram do país antes da era PT, aí incluídos os grandes veículos de comunicação, porque convenientemente manipuladores de opinião e grande sonegadores. A propósito, cito uma entrevista concedida a Boris Casoy por um delegado da PF sobre uma investigação iniciada e interrompida na era FHC, que segundo ele reduziria a reles o novelisado petrolão. Tais comportamentos coletivos, de cassa às bruxas, jamais e em tempo algum resultou em algo positivo, moral e culturalmente, e o pior é que o débito sempre foi e será lançado na conta de sempre: a do povão, não na do povinho que habita do meio para cima da pirâmide social.