A presidente Dilma Rousseff levou dez meses para não demitir a amiga Graça Foster da presidência da Petrobras.
Que resolveu sair por conta própria, para escapar da lama que começa a chegar a seus pés, depois que acionistas minoritários resolveram acionar a empresa na Justiça americana, com alto risco de envolvê-la nas responsabilidades por seus prejuízos.
Impressiona que a presidente tenha levado tanto tempo para não perceber o processo de degradação da empresa, cuja dimensão um funcionário do terceiro escalão conhecia muito bem.
No depoimento impressionante que deu nesta semana ao juiz Sérgio Moro, Pedro Barusco, o homem abaixo do diretor de Serviços Renato Duque, revelou, entre outras coisas que:
- Só ele vai devolver 99 milhões de dólares recolhidos em dez anos de propina.
- Foram arrecadados nesse período e só nesta diretoria 200 milhões de dólares para o PT, dos quais 50 milhões passados pelas mãos do tesoureiro João Vaccari,
- seu chefe, homem do partido na companhia, exigia R$ 50 mil cash toda semana, fora os depósitos no exterior, e tinha a receber 70 milhões de dólares quando deixou a empresa, em 2012.
Não deixa também de impressionar que a imprensa tenha um dia apostado na imagem de gerentona eficaz que mal percebeu o descalabro da gestão da amiga subordinada, e, tendo percebido, não teve coragem de demiti-la.
O Antagonista pinçou quatro louvações publicadas à época de sua posse, quando os descalabros na empresa já faziam aniversários:
Folha de S. Paulo: “uma gerente eficaz e durona, que fixa metas e cobra resultados”.
Valor Econômico: uma das 15 melhores gestoras do Brasil.
BBC Brasil: foca “em metas pragmáticas e absolutamente realistas”.
Veja: a executiva tem “ferramentas importantes para conseguir inaugurar um novo período de eficiência na estatal”.
A presidente agora corre às pressas atrás de um candidato a presidente, como se tivesse tomado conhecimento do problema Graça Foster só ontem. O risco agora, como bem lembra o site com sua perspicácia, é que o novo presidente seja saudado pelo baixo espirito crítico dessa mesma imprensa como “excelente escolha”.
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