Os números do Datafolha sobre os protestos da CUT/MST/UNE, na sexta-feira, e das redes sociais, no domingo, detectaram divergências nas manifestações na cor do uniforme (vermelho versus verde-amarelo) e na motivação:
- Os de sexta foram às ruas contra perda de direitos trabalhistas (25%), aumento dos professores( 22%) e reforma política (20%).
- Os de domingo foram contra a corrupção (47%), pelo impeachment (27%) e contra o PT (20%).
No mais, apresentam convergências incômodas para os que gostam de opor uma elite branca a pobres coitados e enfatizar o discurso da luta de classes:
1. 68% dos manifestantes de sexta e 76% do domingo têm nível superior de escolaridade.
2. 47% na sexta e 42% no domingo têm renda entre 3 a 10 salários mínimos. Entre 10 a 20 salários, 10% a 22%. Acima de 10 salários, foram 12% na sexta e 41% no domingo.
3. 63% da sexta e 90% do domingo acham que a presidente Dilma Rousseff sabia dos malfeitos na Petrobras.
4. 90% na sexta contra 96% no domingo acham o Congresso de regular a péssimo.
5. 86% e 85%, respectivamente, disseram que “a democracia é sempre melhor”.
No que talvez mais assemelham sejam a finalidade a seus ídolos.
Os manifestantes de CUT/MST/UNE têm razão quando dizem que a maioria das manifestações de domingo era de eleitores de Aécio (82%), assim como os de domingo também podem acusar os de sexta de estarem a serviço de Dilma (71% eram seus eleitores). Uma ideia de terceiro turno das eleições que serve para os dois lados.
>>> Veja aqui matéria e infográfico da Folha de S. Paulo com os dados.
É mais adequado dizer que os protestos de CUT/MST/UNE foram de uma elite, de escolaridade e renda inferior, que pode detestar a elite mais culta e mais rica, mas ainda assim é elite. Fora a cor do uniforme, vermelho contra verde-amarelo, não é parte da maioria da população pobre e marginalizada.
Talvez seja mais, mesmo, o que os números não mostram: uma divergência de afinidade política. E que ambos os lados têm bons motivos para não estar gostando do governo.
Deixe um comentário