Se me fosse dado escolher dois personagens de 1964 para biografar, um contra e outro a favor do regime derrubado em 31 de março, eu me deteria, respectivamente, em Olympio Mourão Filho e Darcy Ribeiro.
Tenho uma aguda curiosidade por esses tipos meio quixotescos que saem brigando com moinhos de vento, sem noção do perigo, das consequencias e da própria força. Ao mesmo tempo que meio ignorantes das tramas de bastidor que redesenham a nova ordem, da qual possivelmente serão alijados.
O general Olympio Mourão Filho, comandante da 4a. Região Militar do I Exército, sediada em Juiz de Fora, foi dormir irritado com o discurso suicida do presidente João Goulart numa festa de sargentos no Automóvel Clube e acordou com vontade de colocar suas tropas na estrada para derrubá-lo.
– Vou partir agora para a luta, às cinco horas da manhã – escreveu em seu diário –, em más condições, portanto, porque serei obrigado a parar no meio do caminho e o Exército inteiro vem contra mim, como aconteceu em São Paulo em 1932. Ninguém me prenderá. Morrei lutando.
Detonou a queda do regime que os estrelados das casernas tramavam sem a mesma coragem de colocar os tanques na rua – “generais que fazem crochet, sem coragem de arriscar as carreiras”, dizia – e bateu de frente com os espertos que já tinham tomado conta do butim quando chegou ao Rio.
Já no comando do Exército, o general Arthur da Costa e Silva, que se autodenominara “chefe da revolução”, agradeceu o seu empenho mas o dispensou de seu sonho de comandar o I Exécito, ao qual era subordinado. Era tido pelos generais da hora como esquentado, histriônico, inconsequente. Não à toa o chamavam pelas costas de Popeye, por causa do cachimbo.
– Se eu conhecesse o general Costa e Silva como conheço hoje, o teria expulsado do Quartel-General – morreu dizendo. – Ali começou a desgraça do Brasil.
O personagem Darcy
Do outro lado da mesa, o chefe da Casa Civil Darcy Ribeiro ligara para Jango:
– O brigadeiro Teixeira, aí no Rio, tem aviões e já está com metralhadoras colocadas neles. E, se ele lamber a tropa do Mourão com rajadas de metralhadora, a tropa volta para o quartel.
Era o jeito do professor meio doidão que abrira uma caixa de metralhadoras diante de deputados da Frente Parlamentar Nacionalista e mandara ver:
– Pequem essas metralhadoras, vamos acabar com a UDN inteira.
Criador do Parque Nacional do Xingu, da Universidade de Brasília e dos Cieps no governo carioca de Leonel Brizola, as primeiras tentativas de escolas integrais no país, era do tipo visionário que não mede risco, resultado e a força da força da coragem sem cálculo.
Mas a quem também não convém entregar governos que requerem o contrário: planejamento, objetivo claro e equilíbrio nas relações. Não era o que ele recomendava a Jango, a quem propunha as frases e as medidas mais radicais que assustavam a classe média que apoiou os militares.
Como bem disse a revista Veja no excelente retrato que fez de 31 personagens marcantes do movimento (edição 2366, já no Acervo Digital), incluindo incendiários como Leonel Brizola e Carlos Lacerda, “nove em dez historiadores concordam que Darcy Ribeiro apressou o fim do governo Goulart”.
A revista cita um estudo do historiador Crane Brinton para explicar como que rupturas como a de 64 começam pela esperança, triunfam sob líderes moderados e, pelo peso de suas contradições internas, desandam em autoritarismo. Homens como Mourão e Darcy, em geral, não passam da primeira fase.
HAROLDO DARTAGNAN DE CARVALHO diz
Não posso concordar com as (assimétricas) comparações….
Até porque, se de um lado existia um a topeira “general”, ou se quiser, como dizia Darcy: “Mourão é uma besta quadrada”.
Isto mesmo, movido por incauta estupidez, q, entretanto, foi agraciado pela sorte do “””êxito””” do golpe de 31/03/1964, tal q nasceu em 1o de abril (mera coincidência: “Dia da Mentira”), um dia após o famigerado GOLPE, acordou p os milicos como sendo uma REVOLUÇÃO, q é antítese do q este vocábulo possa traduzir em significado.
Do outro lado, como bem foi dito, o incansável gênio, o nosso visionário Prof Darcy Ribeiro.
Data vênia, sem medida de comparação!!
É o mesmo q comparar um rincão c uma capital, tipo São Paulo!!!
Não há medida de comparação entre um
robusto em “massa cinzenta” e o outro, robusto em massa muscular na panturrilha!!
Isto, de modo superficial, já apresenta
assimetria, q dispensa, de plano, comparação, diria, de qualquer natureza, até mesmo e , sobretudo, se o critério for pautado pelas idiossincrasias dos dois cidadãos, um civil e o outro, onde já se viu, militar, colocados p a desejosa, porém incompatível, comparação.
Obs.:
Releve erros deste texto!!
Afinal, estou “pingando” de sono.