Na era da comunicação do espetáculo e do big brother de BBB, vacinação tem linchamento de pessoas que exime governos de seus erros.
- Vacina-se o pessoal da saúde, fotografa-se uma enfermeira.
- Vacina-se as tribos indígenas, fotografa-se uma índia paramentada.
- Vacina-se os velhos acima de 89 anos, fotografa-se uma velhinha no asilo, uma atriz ou um ex-presidente.
- Não pode aglomerar, fotografam-se bares e praias.
- Tem que usar máscara, fotografa-se gente sarada andando desprotegida na praça.
- Atrasa a vacinação, fotografa-se uma fila.
- Falta critério, fotografa-se o fura fila.
A cultura do cancelamento e do fuxico de BBB nas redes sociais foca em pessoas e não em políticas públicas.
Facilita demais o trabalho dos governos, que perdem a noção de prioridade mas se salvam porque os culpados são os cidadãos, as pessoas fotografáveis.
Uma política de vacinação pública deveria partir de regiões mais vulneráveis e aglomeradas, não de pessoas.
Assim como lockdowns e fechamento de escolas deveriam ser diferentes, dependendo de regiões.
Uma escola de zona sul, de 25 alunos por sala tem menos contaminação de uma da periferia, com 50. Tem pesquisa nos EUA comprovando isso.
Mas o mais fácil é fechar tudo e deixar por conta da imprensa vigiar e fotografar os transgressores.
Click click.
Esse post é uma ampliação a meu modo do artigo de Demetrio Magnoli na Folha de S. Paulo de hoje: A Vacinação como Espetáculo. “Ao invés de imunizar, linchamos pessoas malvadas”.
Ele lembra que a prioridade cega a profissionais de saúde, por exemplo, contempla fisioterapeutas jovens que trabalham online.
>>> Ler A vacinação com espetáculo
Deixe um comentário