CPIs são políticas, claro. Sempre foram e sempre serão.
Acusar a oposição de usar denúncias com fins políticos, como reclamam Lula e Dilma agora, como sempre reclamaram todos os os governos, é um outro tipo de jogada política. Eles sabem que faz parte do jogo, mas precisam ludibriar a plateia.
E quem pode menos reclamar de seus segundos objetivos é o PT de Lula que, em seus bons tempos, criou uma máquina bem azeitada de destruir reputações assentada em boas relações na imprensa e no Ministério Público.
Sob a liderança espiritual de José Dirceu, produzia dossiês – muitas vezes apressados – que alimentavam jornalistas que alimentavam promotores que formalizavam as denúncias. Que retro-alimentavam a imprensa e davam combustível aos parlamentares, que por sua vez produziam dossiês e alimentavam a engrenagem.
Poderiam ter sido talvez mais elegantes, mas isso não é o tipo de coisa que se pede ao adversário. Cada país tem o tipo de oposição que merece e seus exageros em nossos trópicos, antes de condenável, parece inevitável.
Não consigo imaginar que sejam diferentes em outras democracias. Havendo denúncias, é da natureza dos adversários partir para a apuração e a denúncia, com diferentes graus de civilidade.
Elegantes ou não, responsáveis ou não, cumprem seu papel. Oposição é para isso mesmo: o tal sal da terra que ajuda a equilibrar o terreno. Pode exagerar, mas não pode faltar. Numa variação do que disse Ulysses Guimarães sobrfe política, é preciso deixar as ondas baterem para se analisar a espuma.
Aos governos cabe não errar. Nada é mais desastroso para carreiras e governos que o erro político. Ao desencadear a sanha denunciatória, empaca a administração, alinha os adversários e, pior, cria oportunidade para a chantagem dos amigos. No caso brasileiro, o PMDB e os partidos nanicos da base aliada.
Dilma cometeu o seu erro master. Não se sabe se por não ter analisado devidamente a compra da sucata de Pasadena pela Petrobras, no passado, ou por admitir que decidiu em cima de parecer falho, agora.
Se errou, disparou o gatilho da tal engrenagem que, com alguma diferença dos tempos áureos do PT, se pôs a girar. A oposição ocupa a tribuna, pede a CPI, posa para a imprensa a caminho do STF, produz discursos e dossiês, provoca.
Que bom – ou que inevitável – que tudo continue assim.
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