O governo vive o que a imprensa chama de Tempestade Perfeita. Há pelo menos sete focos de preocupação desgastando e tomando seu tempo, que não há estratégia de comunicação que dê jeito:
- Revelações da Lavajato
- CPI da Petrobras
- Má relação com o Congresso
- Recessão
- Medidas impopulares de Joaquim Levy
- Manifestações de rua
- Desaprovação de 62% da população, segundo o Datafolha, a maior desde Collor.
O pacote anti-corrupção que o governo anunciou como resposta a esse quadro, agravado com as manifestações de massa do domingo, é um tipo de perfumaria para algum efeito midiático, de pouco resultado quando se deixou a corda apertar demais o pescoço.
Entre elas:
- as campanhas de racionamento de água que os governos estaduais anunciam para esconder o problema da falta de investimento,
- a proposta de leis como a que proíbe celulares em bancos para camuflar a dificuldade de resolver o problema da segurança, ou
- a promessa de instalação de ponto eletrônico para coibir que deputados sejam apanhados batendo ponto para os colegas, ao invés de cassá-los.
A maioria das propostas de agilização da punição de corruptos já está contemplada na legislação penal. Caixa 2, por exemplo, é crime bravo que se resolve com cadeia.
O que funciona de fato é fazer a lei valer, a Justiça andar e o governo não atrapalhar.
— Não roubar, não deixar roubar, mandar prender quem rouba — como disse o venerando Ulysses Guimarães na promulgação de nossa Constituição.
Muito menos fazer gestões junto ao Judiciário para protelar o julgamento ou junto ao Congresso para inviabilizar CPIs.
No caso mais imediato do governo Dilma Rousseff, o que funciona é o que ela já vem fazendo: ajustar seu relacionamento com o Congresso para aprovar o que precisa e tocar a bola pra frente.
O que vai redundar em reforma ministerial, recomposição do quórum do Supremo (falta nomear 1), aprovação no Congresso das reformas de arrocho e, até quem sabe, das propostas de sua perfumaria.
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