Todo o charme de O Despertar da Força está sendo atribuído ao diretor J.J. Abrams, criador de Aliás e Lost, mas desconfio de uma explicação mais simples para o veneno saboroso da saga Star Wars, que a, meu ver, tem nome e sobrenome: Lawrence Kasdan.
O roteirista que ajudou a desembaralhar o roteiro do melhor dos sete filmes, O Império Contra Ataca, de 1980, escreveu também O Retorno de Jedi e pelo menos três outros dos mais gostosos filmes desde que entrou em atividade, há 35 anos, como professor de inglês fracassado que foi dar consultoria em roteiros em Hollywood.
São dele Os Caçadores da Arca Perdida, de 1981, o primeiro da série Indiana Jones; O Turista Acidental, de 1988, do viúvo desiludido que cai nas graças de uma treinadora de cães; e O Guarda-Costas, de 1992, aquele em que a popstar vivida por Whitney Houston descobre proteção e redenção no colo do próprio.
Incluindo esses três melhores Star Wars, é da sua lavra pelo menos sete grandes campeões de bilheteria, um oitavo vencedor do Globo de Ouro (Grand Cayon) e um nono meio cult no universo dos realizadores: O Reencontro (The Big Chill), sobre um grupo de colegas que se reencontra para um balanço dez anos depois de formados. Dirigiu nove dos 17 que escreveu e ajudou a projetar atores como Kevin Kline, Glen Close e Wiliam Hurt.
Bastariam Os Caçadores e O Guarda-Costas para ilustrar esse radar aguçado para os desejos da plateia e esse talento para as reviravoltas de matinê e comédia romântica dos anos 40 que deixam o espectador na ponta da poltrona.
Só mesmo o fato de escritores estarem no último elo da cadeia alimentar da indústria do entretenimento, depois de diretor, atores e efeitos especiais, pode explicar o fato de seu nome tenha passado despercebido em toda a repercussão dessa febre intergalática.
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