Teve uma geração que morreu nos anos 60, que Ruy Mesquita e Roberto Civita ajudaram a enterrar. A do jornalismo jaquetão de quatro botões, sisudo e bacharelesco.
O primeiro criou em 1966 o Jornal da Tarde, de diagramação leve e abordagem ousada dos temas, para se contrapor ao engravatado jornalão da família, O Estado de S. Paulo, de textos século XIV.
O segundo criou em 1968 a revista Veja, inspirada na leveza coloquial da Times americana, para induzir a empresa da família a fazer jornalismo e sepultar as revistonas de muita imagem e pouco fundo, Cruzeiro e Manchete.
Foram indutores de um tipo de jornalismo de função social, espírito público e responsabilidade com o país, mais focado na causa que nos efeitos, mais em fenômenos sociais que em pessoas, mais na análise que no fato.
Mas como o mundo gira e a lusitana roda, essa geração também começar a morrer, se já não foi para o cemitério com eles. A morte de ambos nas últimas semanas tem um certo ar trágico de capitulação aos novos tempos.
A nova geração que os sepulta é a do jornalismo de entretenimento, em que o efeito é mais importante a causa, o personagem – independente de sua contribuição ao mundo – tem mais relevância que o contexto, o texto rápido e sumário para se ler no smartphone tem proeminência sobre a análise contextualizada.
Se tinha jaquetão e perdeu a gravata, o jornalismo atual parece ter optado por tirar também o resto e sair às ruas de cueca.
Como disse Roberto Civita numa entrevista de 2008, “imprecisão, arrogância, parcialidade, desprezo pela privacidade, insensibilidade, glorificação do bizarro, do trivial e do banal”.
– Mais uma batalha perdida – poderia dizer Ruy Mesquita, como a cada vez que fechava a edição do dia.
Como toda geração, também foram vítimas de suas contradições e fragilidades. E viram seus veículos também embarcar em parte da vulgaridade que nasceram para combater.
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